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Índia e Paquistão se prepararam para a guerra

Por Agencia Estado
Atualização:

A Índia e o Paquistão colocaram mísseis em alerta e aceleraram preparativos de guerra hoje, mas esforços também estavam sendo feitos para evitar um confronto que as duas nações detentoras de armas nucleares dizem não querer. A fronteira estava relativamente calma, depois de terem sido contidas trocas de tiros entre tropas indianas e paquistanesas e de Nova Délhi ter anunciado que estava discutindo novas medidas diplomáticas contra Islamabad. Índia e Paquistão já travaram três guerras desde a violenta divisão dos dois países após terem se tornado independentes da Grã-Bretanha em 1947 - duas delas pela disputada região himalaia da Caxemira. Um ataque suicida em 13 de dezembro contra o Parlamento indiano, que deixou 14 mortos, provocou uma nova rodada de ameaças de guerra, movimentos de tropas e trocas diárias de tiros na fronteira. A Índia acusa a agência de inteligência paquistanesa de ter patrocinado o ataque, que foi promovido por dois grupos militantes muçulmanos baseados no Paquistão - uma alegação negada por Islamabad. O secretário de Estado americano, Colin Powell, indicou hoje que os EUA concordam com a acusação da Índia. Ele anunciou que os Estados Unidos estavam congelando os bens dos dois grupos militantes, Jaish-i-Mohammed e Lashkar-i-Tayyaba. Um funcionário dos EUA disse que, embora a administração Bush não tenha provas definitivas de que os dois grupos sejam os responsáveis pelo sangrento ataque, também não tem motivos para duvidar da afirmação da Índia. Os dois grupos "e sua família buscam assaltar a democracia, minar a paz e a estabilidade no Sul da Ásia e destruir as relações entre a Índia e o Paquistão", disse Powell. Diplomacia - Nova Délhi e Islamabad indicaram estar buscando opções diplomáticas, e existe uma pressão internacional para evitar uma nova guerra. A Grã-Bretanha "continua a encorajar a contenção dos dois governos", afirmou um porta-voz da Secretaria do Exterior em Londres, que pediu para não ser identificado. O Comitê de Segurança do gabinete indiano reuniu-se hoje para discutir "novas ofensivas diplomáticas", anunciou o ministro do Exterior Jaswant Singh. Nenhuma decisão seria tomada até amanhã, quando o ministro da Defesa George Fernandes deve retornar de um giro pela Geleira de Siachen, uma área na Caxemira fronteiriça com o Paquistão e a China. A Índia já retirou seu embaixador do Paquistão e anunciou que os serviços de trem e ônibus entre os dois países serão suspensos em 1º de janeiro. Nova Délhi ainda considera a suspensão de vôos das linhas aéreas paquistanesas, a anulação de um tratado de águas e o cancelamento do status de "nação mais favorecida" comercialmente concedido ao Paquistão. O Paquistão anunciou hoje que não iria alimentar a guerra verbal da Índia. "Líderes indianos estão criando uma histeria de guerra devido a uma compulsão interna", afirmou o secretário de Informação do Paquistão, Anwar Mahmood. "Neste momento, sentimos que é mais importante para as pessoas desta região viverem em paz, ao invés de em conflito". Ele disse: "O Paquistão continuará agindo com contenção e de forma responsável. Nossa esperança é que o bom senso também prevaleça na Índia". Cautela - Em contraste com períodos anteriores de tensão com a Índia, o Paquistão tem sido mais cauteloso com sua retórica. Sua posição tem sido sustentada por sua nova presença no cenário internacional, como parceiro-chave dos EUA em sua luta contra o terrorismo no vizinho Afeganistão. O indiano Singh disse que continua confirmada para a próxima semana em Katmandu, Nepal, uma cúpula dos sete líderes do Sul da Ásia - entre eles o primeiro-ministro indiano, Atal Bihari Vajpayee, e o presidente paquistanês, general Pervez Musharraf. A reunião dará uma chance para os dois líderes conversarem diretamente, evitando, espera-se, uma quarta guerra entre as duas nações.

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