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Indicado de Trump à Suprema Corte questiona poder de agências federais

Neil Gorsuch não concorda com veridicto memorável conhecido como 'deferência Chevron'; se convencer outros juízes do tribunal a questionarem a decisão, empresas que vão ao Supremo se defender terão mais chances contra o governo

Atualização:

NOVA YORK - Indicado à Suprema Corte dos Estados Unidos, o juiz Neil Gorsuch é conhecido por questionar o quão longe os tribunais devem ir no deferimento a agências federais quanto à interpretação da lei, uma visão que pode ser importante para as empresas do país e, talvez, para o presidente Donald Trump.

Apontado por Trump na terça-feira, 31, para preencher uma vaga na maior instância da Justiça dos EUA, Gorsuch, de 49 anos, é visto por muitos como um jurista afiado e um escritor conciso com potencial para ser uma voz persuasiva na corte.

Neil Gorsuch discursa após ser indicado por Trump para a vaga aberta na Suprema Corte Foto: Al Drago/The New York Times

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Em um caso recente, Gorsuch não viu com bons olhos um veredicto memorável de 1984 no caso Chevron versus Conselho de Defesa de Recursos Naturais. Amplamente citada, a decisão orientou juízes de toda a nação a se sujeitarem à interpretação das agências no caso de leis que possam ser ambíguas, conhecida como "deferência Chevron".

Em agosto passado, em um caso a respeito de regras de imigração, Gorsuch classificou a doutrina de "elefante na sala" por concentrar o poder federal "de uma forma que parece mais do que um pouco difícil de ajustar à Constituição".

Se Gorsuch conseguir induzir outros juízes da Suprema Corte a questionar a deferência Chevron, empresas que vão à alta corte se defender contra regulamentações federais poderiam ter uma chance melhor em tópicos que vão do meio ambiente à imigração.

Ao mesmo tempo, um ceticismo maior a respeito da deferência às agências poderia ter consequências de longo prazo para Trump. O novo presidente está agindo rápido para reformular a burocracia federal, indicando diretores de agências que poderiam reverter o legado do ex-presidente Barack Obama sobre emissões de poluentes, serviços de saúde e políticas de internet. 

As interpretações do tribunal a respeito das pautas das agências serão cruciais. "A ideia de que o presidente Trump, entre todas as pessoas, seria aquele a escolher um juiz que pode levar a corte a reduzir o poder executivo é muito irônica", disse John Nagle, professor da Escola de Direito da Universidade de Notre Dame.

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Se a Suprema Corte anular ou limitar o precedente da Chevron, tribunais inferiores poderiam se tornar mais ativos na decisão do significado definitivo de um estatuto, tornando menos provável que a visão de uma agência prevaleça, segundo Nagle. / REUTERS

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