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Indonésia diz que sistema de alerta não funcionou em tsunami

Onda matou mais de 270 pessoas no leste do país; autoridades dizem que houve 'vandalismo'.

Por BBC Brasil
Atualização:

Tsunami no oeste do país causou a maioria das mortes Autoridades da Indonésia afirmaram que um sistema de alerta instalado na região depois do tsunami que ocorreu no Oceano Índico há seis anos não estava funcionando na segunda-feira, quando um novo tsunami atingiu as Ilhas Mentawai, no oeste do país. Ridwan Jamaluddin, da Agência Indonésia para Avaliação e Aplicação de Tecnologia, disse à BBC que duas boias do sistema, que ficam no arquipélago próximo à costa da Ilha de Sumatra sofreram vandalismo e não estavam funcionando no momento do tsunami. "Não falamos que elas estão quebradas, mas que elas foram vandalizadas, e o equipamento é muito caro. Cada uma nos custou cinco bilhões de rupias (mais de R$ 950 mil)", disse. Outra autoridade indonésia, um funcionário da Agência de Climatologia da Indonésia identificado apenas como Fauzi, disse à BBC que medidores de marés e boias são usados para detectar um tsunami, mas as boias são mais importantes para a divulgação de um alerta antecipado. "Para prever um tsunami precisamos de dados das boias e do medidor de marés, que está localizado perto da praia. A boia é mais importante, pois está no mar, então vai registrar a onda muito mais rapidamente do que o medidor de marés", afirmou. Sem alerta Os moradores da Ilhas Mentawai disseram à BBC que não ouviram nenhum alerta de tsunami pouco antes de a onda atingir o local na segunda-feira. "Não houve nenhuma sirene para alertar as pessoas em Sikakap (um vilarejo de uma das ilhas)", disse um dos moradores, Ferdinand Salamanang. "Sim, havia um sistema de detecção de terremoto e tsunami em nosso porto, mas eles estão quebrados. Não ouvimos nenhum alerta desta vez." Há quase exatos dois anos, a Indonésia lançou seu novo sistema de alerta antecipado de tsunamis, que visava dar aos moradores das áreas mais próximas do mar mais tempo para escapar das ondas caso um novo desastre atingisse o país. O projeto foi lançado depois do tsunami devastador no Oceano Índico, que atingiu a Indonésia em 2004. Naquela ocasião 250 mil pessoas morreram, mais da metade delas na província de Aceh, ponta norte de Sumatra e perto do epicentro do terremoto. O sistema deveria ter ficado pronto em 2010, mas os trabalhos ainda estão sendo feitos de acordo com uma especialista em riscos e desastres da ONU, Tiziana Bonapace. "Os sistemas de monitoramento do nível do mar e de terremotos já estão no lugar, mas o que é mais difícil é fazer com que os alertas cheguem a áreas remotas a tempo", afirmou Bonapace à BBC. "Este continua sendo o elo mais fraco do sistema e, infelizmente, o tsunami atingiu uma das ilhas mais remotas. Piorando ainda mais a situação é (o fato de que) as boias não funcionam bem e muitos países estão passando por dificuldades nesta área", disse. Perto do epicentro De acordo com Tiziana Bonapace, o maior desafio é fazer a comunidade da região entender o potencial de desastres nas área e como se preparar para estes desastres. A especialista afirma que, mesmo se o sistema já estivesse funcionando, o terremoto atingiu uma área tão próxima das ilhas que um alerta poderia não ter dado aos moradores o tempo necessário para fugir. "A ilha Pagai (uma das Ilhas Mentawai) é muito próxima do epicentro, então as ondas chegaram à ilha Pagai em apenas cinco ou dez minutos", disse Ridwan Jamaluddin, da Agência Indonésia para Avaliação e Aplicação de Tecnologia. "Mesmo se a boia estivesse funcionando, ainda é muito tarde para avisar as pessoas." Andrew Judge, da agência humanitária SurfAid International, que trabalha na área há dez anos, concorda com o funcionário indonésio. "A distância do epicentro era muito curta (...) não havia tempo para agir", disse Judge à BBC. "Aquelas pessoas não teriam sido alcançadas pelo alerta", afirmou, acrescentando que as Ilhas Mentawai são remotas e as comunicações são difíceis. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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