Indústria petrolífera da Venezuela volta a funcionar

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Por Agencia Estado
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A indústria petrolífera venezuelana, a quinta mais importante do mundo, começa a entrar nos trilhos depois de mais de dois meses de paralisação. A Petróleos de Venezuela (PDVSA), segunda maior estatal do setor do mundo, não só conseguiu superar os quase 2 milhões de barris de produção de petróleo por dia como vai receber US$ 1,1 bilhão do Fundo de Investimentos de Estabilização Macroeconômica (Fiem) para honrar seus compromissos internos e externos. A liberação desses recursos, que vão se somar a US$ 1 bilhão de reservas que a estatal tem, foi autorizada ontem à noite pela Comissão Permanente de Finanças da Assembléia Nacional, o Congresso venezuelano. Aproximadamente US$ 300 milhões desse montante serão revertidos para pagar, por exemplo, a importação de gasolina de outros países, entre eles o Brasil. Outros US$ 370 milhões servirão para pagar royalties às regiões da Venezuela de onde é extraído o petróleo. Ainda ontem, a Exxon Mobil se transformou na primeira multinacional estrangeira a retomar o transporte de petróleo desde os portos do país. O transporte de cru por parte de empresas privadas estava interrompido desde o início da greve geral iniciada no dia 2 de dezembro, a qual se estendeu por mais de 60 dias. A companhia norte-americana decidiu enviar um petroleiro para o Porto de José, onde serão carregados 525 mil barris de cru, de acordo com informações da PDVSA. A estatal venezuelana informou também que as conversações com a Royal Dutch Shell para enviar outro navio petroleiro para a costa venezuelana estão bastante adiantadas. Antes da greve, o Porto de José era responsável pelo escoamento de 700 mil barris por dia. É bom lembrar que a reativação das exportações de petróleo é crucial para a Venezuela e para a recuperação de sua economia. Cerca de 80% das divisas que entram no país e quase 50% da arrecadação tributária provêem da indústria do petróleo. Em entrevista à televisão oficial, ontem à noite, o presidente da PDVSA, Alí Rodrígues, confirmou que as exportações de cru da estatal já alcançam os 1,3 milhões de barris por dia e que a produção passou dos 200 mil barris por dia, durante a greve geral, para 1,95 milhões de barris por dia. Mesmo assim, esse volume ainda está aquém dos mais de 3 milhões de barris por dia produzidos antes da crise política e institucional que enfrentou o país desde o dia 2 de dezembro do ano passado. A greve e os protestos contra o presidente Hugo Chávez provocaram até agora a demissão de 13 mil dos quase 40 mil funcionários da estatal. Nas próximas horas, Chávez deve indicar novos nomes para o Conselho de Administração da companhia. Rodrígues disse também que, em meados de março, o abastecimento de gasolina no país estará totalmente normalizado e que a quota de 2,5 milhões de barris por dia estipulada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) será gradualmente alcançada. Os EUA é o país que mais foi afetado com a paralisação da indústria petrolífera venezuelana. A Venezuela é responsável por mais de 40% de petróleo pesado destilado nas refinarias do Golfo do México e por 30% do cru pesado que os EUA importam. A baixa qualidade desse petróleo faz com que o preço seja menor e a margem de lucro maior para as refinaria. Além disso, o petróleo venezuelano demora apenas uma semana para chegar ao território norte-americano. Atualmente, os EUA importam 60% do petróleo que consomem, dos quais 14% vêm da Venezuela.

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