Inglaterra fica com EUA na hora dos tiros, diz Blair

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Por Agencia Estado
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A Grã-Bretanha está preparada para pagar com sangue o apoio a seu amigo e aliado, os Estados Unidos, disse o primeiro-ministro Tony Blair em comentários divulgados nesta sexta-feira. Num documentário da BBC, a ser veiculado na íntegra, no próximo domingo, Blair afirmou que "a relação especial" entre os dois países tem de ser respaldada pelo apoio britânico a uma ação militar. Perguntado se a Grã-Bretanha estava preparada para pagar "com preço de sangue" o apoio aos EUA, Blair respondeu "sim". "O importante... é que, nos momentos de crise, eles (EUA) não precisem saber se você está emitindo expressões gerais de apoio e simpatia", explicou. "Isso é fácil, sinceramente. Eles precisam saber: você está preparado para assumir compromissos, para estar lá quando começarem os tiros?" Blair tem sido o mais determinado aliado do presidente George W. Bush na guerra contra o terrorismo e tem apoiado, em princípio, o uso de força militar para derrubar Saddam Hussein, apesar de enfrentar sérias resistências internas. Blair intensificou esta semana os esforços para somar apoios internacionais a um ataque. Ele se reuniu nesta sexta com o ministro do Exterior saudita, príncipe Saud, em Londres, e falou por telefone com os presidentes Jacques Chirac, da França, Vladimir Putin, da Rússia, e Jiang Zemin, da China. Os três presidentes têm expressado oposição a uma ação militar contra o Iraque, assim como a maioria dos países europeus e do Oriente Médio. A França, a China e a Rússia - como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha - têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU. O secretário do Exterior britânico, Jack Straw, também endureceu nesta sexta o discurso contra Saddam. Numa conferência em Birmingham, na região central da Inglaterra, ele disse que o presidente iraquiano "tem minado a segurança global e zombado da lei internacional por uma década", e continua disposto a usar armas de destruição em massa. "Nestas circunstâncias, seria loucamente irresponsável argumentar que a paciência com o Iraque deve ser ilimitada, ou que uma ação militar não deveria ser uma opção", afirmou Straw. Líderes religiosos, britânicos comuns e membros do próprio partido de Blair, o Trabalhista, têm expressado oposição a uma guerra. Numa pesquisa promovida pela BBC com 100 legisladores trabalhistas, 88 disseram que não existem motivos suficientes para se declarar uma guerra ao Iraque. Muitos legisladores defendem que haja uma votação no Parlamento em relação a uma ação militar. O jornal Financial Times publicou nesta sexta que Robin Cook, membro do gabinete de Blair e líder da Câmara dos Comuns, afirmou que ele só apoiará um ataque ao Iraque caso haja um novo mandato das Nações Unidas. Perguntado sobre o Iraque no documentário "Hotline to the President", Blair prometeu que nunca irá "apoiar a América se pensar que eles (os americanos) estão fazendo algo errado." Blair, que se reúne neste sábado com o presidente Bush em Camp David, garantiu que ainda não foi tomada nenhuma decisão sobre como ter certeza de que Saddam não mantém armas químicas, biológicas ou nucleares. "Ainda não chegamos à fase de decisão sobre o Iraque, e existem muitas formas pelas quais podemos decidir como lidar, no fim, com o problema iraquiano", afirmou.

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