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Inspetores chegam a Bagdá em "esforço de último minuto"

Por Agencia Estado
Atualização:

Os mais graduados chefes da equipe de inspetores das Nações Unidas para o Iraque, Hans Blix e Mohamed el-Baradei, viajaram hoje para Bagdá com a missão de pressionar as autoridades iraquianas para que colaborem com as tarefas de inspeção. A viagem dos dois especialistas foi interpretada como "a última oportunidade" de convencer o regime iraquiano a dar mais detalhes sobre eventuais programas de armas proibidas e, assim, reduzir o risco de um ataque liderado pelos EUA. "Mantivemos um encontro construtivo e acho que obtivemos alguns progressos", disse El-Baradei, após a reunião de duas horas e meia, na sede do Ministério de Relações Exteriores do Iraque. Na chegada a Bagdá, El-Baradei tinha dito que a reunião com as autoridades iraquianas se davam "num momento crucial e muito delicado" e que esperava do país "uma grande quantidade de informações" que já deveriam estar em poder dos inspetores. Mantendo o tom otimista, Blix saiu da reunião afirmando que "a guerra não é inevitável". Blix e El-Baradei tinham qualificado a reunião de hoje como um "esforço de último minuto" para convencer o regime iraquiano a "entregar o que for necessário" para colaborar com as inspeções. No dia 27, os inspetores entregarão ao Conselho de Segurança da ONU um relatório sobre eventuais arsenais de armas de destruição maciça em poder do Iraque. "Em questão de semanas saberemos se o Iraque está ou não colaborando com as inspeções" afirmou hoje, em entrevista para a emissora de TV Fox News, o secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld. "O tempo está se esgotando." Depois do programa, Rumsfeld disse a repórteres que as análises para determinar se as ogivas vazias - capazes de carregar armas químicas -, encontradas pelos inspetores no Iraque, poderiam ser consideradas uma "arma fumegante" ainda não estão prontas. Em caso positivo, isso justificaria uma intervenção militar contra o país, nos termos da Resolução 1.441 do Conselho de Segurança da ONU. "O que está realmente à prova é se o Iraque vai cooperar com os inspetores de armas ou não. Até agora, apresentaram uma declaração falsa sobre as armas que têm e não forneceram uma lista com nomes de cientistas pedida pelos inspetores." O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, não descartou a possibilidade de conceder à equipe de inspeção um prazo maior para que prossigam em seu trabalho. "Esperaremos e veremos o que dizem, o que querem e o que acreditam precisar", disse. Powell, no entanto, acrescentou que já está claro que o Iraque viola as determinações da ONU, pois "não coopera plenamente com as inspeções nem abriu seus arsenais". Em outra entrevista, à rede de TV NBC, a conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, declarou que "os dias para que o Iraque se submeta às decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas (sobre desarmamento) estão contados". "Certamente o dia 27 de janeiro não é um prazo, mas é uma data importante", disse Condoleezza. "Provavelmente, ela marcará o início da última fase (de negociações) no Iraque." "Parece claro que os inspetores não se beneficiaram da cooperação ativa dos iraquianos", acrescentou, ao assinalar que o governo americano não se surpreendeu com essa atitude "por parte de um regime autoritário". "Não devemos esperar por muito tempo mais para saber se ele (o ditador iraquiano, Saddam Hussein) tomou a decisão estratégica de enganar mais do que desarmar-se." Sobre as importantes manifestações pacifistas realizadas em cidades americanas no fim de semana, Condoleezza disse: "É formidável que nos EUA o povo possa expressar-se, enquanto no Iraque arrancariam as línguas dos manifestantes."

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