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Inspetores da ONU confirmam destruição de mísseis no Iraque

Por Agencia Estado
Atualização:

Inspetores da ONU confirmaram hoje que o Iraque destruiu quatro mísseis Al-Samoud-2 e definiu um calendário para eliminar o restante e desmantelar o programa de fabricação dessas peças. Os inspetores da ONU em Bagdá estimam que o país possua entre 100 e 120 Al-Samoud-2, cujo alcance supera em mais de 30 quilômetros o limite permitido pelo Conselho de Segurança ao país (de 150 quilômetros). O trabalho começou a ser feito no acampamento militar de Al-Tayb, cerca de 40 quilômetros ao norte de Bagdá, ao qual a imprensa não pôde ter acesso por razões de segurança, segundo as autoridades locais. Além dos mísseis, serão eliminados componentes, combustível e lançadores, entre outros itens a eles relacionados. Os cientistas envolvidos no projeto terão de ser dispensados. Hoje era o último dia de prazo dado pelo chefe dos inspetores, Hans Blix, para que o Iraque acatasse esse ultimato, emitido oito dias antes. Outro passo importante na cooperação foi a retomada hoje das entrevistas privadas entre cientistas iraquianos e peritos em desarmamento da ONU. Blix indicou na sexta-feira que o cumprimento dessas exigências pesará favoravelmente na avaliação dos esforços do Iraque em cumprir as resoluções do CS, na exposição que fará a esse órgão no dia 6 ou 7. "Manobra cínica" - A decisão de acatar a ordem de Blix foi recebida com ceticismo pelo países dispostos a ir à guerra para desarmar o Iraque e depor Saddam Hussein - EUA, Grã-Bretanha e Espanha, patrocinadores de resolução nesse sentido - e elogiada pelos que se opõem a um ataque, liderados pela França e Alemanha. O chanceler britânico, Jack Straw, qualificou hoje a atitude de Bagdá de "manobra cínica" para ganhar tempo e evitar uma guerra. "Esse é o engodo que o presidente (George W, Bush) previu", disse o porta-voz da Casa, Branca, Ari Fleischer. Em seu programa semanal de rádio, Bush afirmou hoje que os EUA providenciarão ajuda ao povo iraquiano num eventual conflito e estabelecerão um regime democrático no país. A declaração foi um resumo de seu discurso de quarta-feira à nação. Altos funcionários dos EUA temiam que o Iraque pudesse colocar nos Al-Samoud-2 ogivas com armas químicas e biológicas para lançar contra as tropas americanas no Golfo Pérsico. Já os iraquianos consideraram a ordem de Blix um abuso, pois dizem que os mísseis não violam resoluções da ONU. Especialistas do país garantem que nos testes realizados pelos inspetores o limite de 150 quilômetros foi superado porque os foguetes não levavam ogivas. O relatório de Blix, elaborado antes de o Iraque concordar com a destruição dos mísseis, foi entregue à ONU na quarta-feira e encaminhado na sexta-feira aos membros do CS. Nele, o chefe dos inspetores qualifica de "muito limitada" a cooperação iraquiana, relaciona os pontos não esclarecidos e diz que o país precisa fazer esforços bem maiores para cumprir suas obrigações perante o CS. No entanto, após a decisão iraquiana de eliminar os Al-Samoud-2 e entregar mais documentos sobre a destruição das armas de extermínio, Blix comentou na sexta-feira. "É uma ação muito significativa de verdadeiro desarmamento." O relatório e a exposição de Blix ao CS serão cruciais no debate sobre a resolução dos EUA, Grã-Bretanha e Espanha, que diz explicitamente que o Iraque não cumpriu as determinações do CS. Isso permitiria aos americanos justificarem uma ação militar. O CS também debaterá memorando franco-alemão propondo a continuidade das inspeções.

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