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Intelectuais chineses fazem petição por reforma política

Acadêmicos e advogados pedem fim da censura na internet, além de independência do Judiciário e liberdade para população escolher seus representantes.

Por BBC Brasil
Atualização:

Mais de 70 proeminentes acadêmicos e advogados chineses assinaram um documento conclamando o Partido Comunista (PC) a fazer reformas políticas e econômicas no país. Entre as reformas reivindicadas pelo grupo de intelectuais estão uma separação entre o governo e o Partido Comunista, a independência do Judiciário do país, liberdade de expressão e associação e o fim da censura na Internet. Os intelectuais também pedem mais incentivos à iniciativa privada e liberdade para os chineses escolherem seus representantes sem a interferência do PC. Eles não fazem, porém, nenhuma menção ao fim do regime de partido único, nem à liberação de presos políticos - o que levou alguns ativistas a classificarem a carta como "moderada". A petição, com 71 assinaturas, foi divulgada por meio do blog de Zhang Qianfan, professor de direito da Universidade de Pequim. Em entrevista à agência Associated Press (AP), Zhang defendeu que a China poderia terminar sendo palco de uma nova revolução e experimentar um período de caos caso o governo não aceite fazer algumas reformas. Um dos signatários da petição, o economista Zhong Dajun, defendeu em entrevista à BBC que as lideranças chinesas devem respeitar "valores universais" em seus esforços para manter características nacionais chinesas. Contexto A carta defendendo reformas políticas foi divulgada em meio a um processo de troca de lideranças no governo e no Partido Comunista chinês. O novo líder do País, Xi Jinping, prometeu fazer uma guerra à corrupção no país, mas reformas políticas ainda são um tabu. Recentemente, Xi defendeu que os integrantes do partido devem dar o exemplo ao resto da população, seguindo à risca as leis do país. A petição divulgada por Zhang afirma que essa declaração alimentou as esperanças de melhoras de curto prazo na governança chinesa e diz que a atual Constituição chinesa prevê uma série de liberdades que não se materializam na prática no país. Em 2008, o manifesto conhecido como Carta 08 fez uma defesa direta das reformas democráticas e do fim do sistema de partido único na China. Seu principal articulador, o escritor dissidente Liu Xiaobo, foi condenado a 11 anos de prisão por incitar a subversão e, em 2010, ganhou o Prêmio Nobel da Paz. "Esperamos que (nossa petição) possa ser aceita pelo governo e dê origem a diálogos com a população e entre o público em geral", disse Zhang à AP. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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