CARACAS - Agentes do serviço de inteligência da Venezuela realizaram buscas nas residências dos líderes da oposição, Julio Borges e Juan Requesens, acusados pelo governo de serem os responsáveis pelo suposto atentado contra o presidente Nicolás Maduro. A operação foi relatada por Requesens e seu partido, o Primeira Justiça, em rede social.
"Sem mandado de busca, sem presença de advogados, funcionários da SEBIN (o serviço de inteligência da Venezuela) entraram na casa de Julio Borges para incriminá-lo", informou o Primeira Justiça. A sigla afirma que a operação busca plantar provas nos locais para validar a acusação de Maduro.
Atualmente exilado na Colômbia, Borges confirmou a operação. Antes de deixar o país, o político era o presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição ao governo.
"Durante mais de quatro meses estive fora de minha casa e qualquer coisa que possam colocar lá, armas, drogas, documentos, será produto da imaginação deles", afirmou Borges, em transmissão em rede social. "Você (Maduro) não é nenhuma vítima. Você é o acusador".
O Primeira Justiça também informou que operação semelhante estava sendo conduzida na residência de Juan Requesens, detido na terça-feira, 7, por aparente envolvimento no suposto ataque.
Maduro afirmou que obteve provas que comprovam a responsabilidade de Borges no suposto atentado conduzido com drones carregados com explosivos no último sábado, 4. O presidente trata o caso como uma tentativa de "magnicídio". Outro líder opositor, o parlamentar Juan Requesens, também foi acusado pelo governo e foi detido pela inteligência venezuelana na segunda-feira, 6.
Na quarta-feira, 8, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela determinou a prisão imediata de Borges e Requesens. No mesmo dia, a Assembleia Constituinte, que rege o país e, na prática, têm a função de parlamento, determinou a suspensão da imunidade parlamentar da dupla.
Os argumentos que baseiam as acusações de Maduro foram retiradas do depoimento de um dos suspeitos de conduzir o suposto atentado, Juan Carlos Monasterios, que afirmou aos agentes da inteligência que o ataque foi idealizado por Borges e Requesens e a partir da Colômbia. //AFP