Intenção de enviar tropas gera crise no governo alemão

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Por Agencia Estado
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O chanceler alemão, Gehrard Schroeder, tentando contornar grave crise que ameaça seu governo, dirigiu hoje dramático apelo ao Parlamento para que aprove a participação de 4 mil soldados alemães na guerra antiterrorista liderada pelos Estados Unidos. A iniciativa, apoiada pela oposição democrata-cristã, encontra forte rejeição na coalizão governamental. A votação está prevista para a próxima semana. "A Alemanha deve assumir maior responsabilidade no mundo e demonstrar solidariedade aos seus sócios da Organização do Tratado ao Atlântico Norte", argumentou o chanceler alemão. Firme aliado da Casa Branca, o chanceler alemão lembrou as imagens dos devastadores ataques terroristas de 11 de setembro em Nova York e Washington em sua mensagem aos parlamentares alemães, principalmente aos que apóiam seu governo. "A contenção do terrorismo internacional exige grandes esforços e um desenvolvimento estável durante longo tempo", ressaltou Schroeder que estabeleceu prazo de um ano para a permanência das forças alemãs no teatro de operações. Membros da coalizão de centro-esquerda acham que o país está oferecendo seus soldados para uma missão imprecisa. "A estratégia americana pode ser discutível", admitiu o ministro das Relações Exteriores, o verde Joschka Fischer, fazendo, porém, uma ressalva: "A pergunta básica é a seguinte: devemos deixar os Estados Unidos, nosso aliado, responder sozinho ao ataque?" Fischer vem sendo criticado por sua defesa da iniciativa pela bancada verde no Parlamento. Apesar dos apelos dele e de uma velada ameaça de renúncia, 15 deputados verdes decidiram votar contra. Dois deputados do próprio partido do chanceler, o Social-Democrata (SPD), também deixaram claro que rejeitam a idéia. A Constituição alemã do pós-guerra proíbe a participação da forças alemãs em disputas internacionais. Mas em 1994 a Corte Constitucional concluiu que "sob certas condições justificadas pelas leis internacionais a Alemanha pode atuar militarmente". A opinião pública do país também está dividida: 51% dos alemães aprovam; 46% rejeitam. Leia o especial

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