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Interlocutor de Bin Laden no vídeo é um extremista saudita

Por Agencia Estado
Atualização:

O misterioso xeque que conversa com o terrorista saudita Osama bin Laden no vídeo divulgado na quinta-feira pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos foi identificado como Al-Ghamdi, um líder religioso fundamentalista de uma tribo da província de Assir, na Arábia Saudita. A província, uma das mais pobres regiões sauditas, fica próxima da fronteira com o Iêmen e é o local de origem de vários seqüestradores que participaram dos atentados de 11 de setembro. Entre os 19 terroristas da série de ataques, 15 eram sauditas, e 2 também se chamavam Al-Ghamdi, um nome muito comum no país. Segundo um porta-voz da Embaixada da Arábia Saudita em Washington, o xeque Al-Ghamdi é um extremista islâmico conhecido do regime de Riad e foi preso no início dos anos 90 após liderar protestos contra os ataques ao Iraque durante a Guerra do Golfo. Na fita, o xeque e Bin Laden festejam em várias ocasiões o "sucesso" dos atentados. O presidente dos EUA, George W. Bush, criticou nesta sexta-feira os céticos, principalmente no mundo árabe, que põem em dúvida a autenticidade da fita - considerada por ele uma prova irrefutável da responsabilidade de Bin Laden pelos ataques. "As opiniões de que o vídeo é produto de uma montagem são ridículas", afirmou o presidente. "Os que dizem que as imagens foram manipuladas ou são falsas desejam proteger um homem maléfico, capaz de ensinar crianças a suicidar-se por sua causa, mas nega-se ele mesmo a dar as caras e lutar. O homem da fita é Bin Laden em sua versão original, o Bin Laden que matou muita gente, o homem que envia inocentes à morte e é capaz de rir até dos suicidas que perderam a vida por ele." O subsecretário de Estado Richard Armitage também ironizou as suspeitas de que a fita é falsa. "Muita gente também acredita que Elvis Presley ainda está vivo ou que as imagens dos astronautas na Lua são uma farsa", declarou. Funcionários do Departamento de Defesa acreditam que o vídeo foi gravado por um cinegrafista amador em 9 de novembro - dois dias depois do início dos bombardeios americanos contra o Afeganistão -, numa casa de Kandahar. "Os irmãos que conduziram a operação (os atentados) sabiam apenas que tinham uma operação de martírio a realizar", diz Bin Laden a Al-Ghamdi na fita. "Não revelamos a eles qual seria a operação até o momento em que estavam prestes a embarcar nos aviões." Analistas jurídicos americanos estimam que, caso Bin Laden seja capturado vivo e submetido a julgamento, a gravação pode ser usada como prova num tribunal. Eugene Propper, um ex-promotor que participou do julgamento contra os autores do assassinato do ex-chanceler do Chile Orlando Letelier - em 1976, em Washington - declarou ao jornal The Washington Post que a fita é "praticamente uma confissão". Leia o especial

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