04 de setembro de 2016 | 05h00
SAINT-PAUL, ESTADOS UNIDOS - A pressão popular que levou a Prefeitura de Saint Anthony, na região metropolitana de Minneapolis, a recuar na decisão de permitir o policial envolvido na morte de Philando Castile a voltar ao trabalho é apenas mais um capítulo de uma mudança recente na mobilização por direitos civis de afro-americanos em relação à violência policial. Para especialistas consultados pelo Estado, o problema sempre existiu e a novidade está na possibilidade de registrar abusos e publicar imagens em redes sociais.
“Isso tem sido uma questão historicamente constante para os afro-americanos por anos”, disse a socióloga Tanya Gladney, da Universidade de Saint Thomas, especialista em policiamento. Ainda assim, “é difícil validar” um aumento recente nos casos. “O que eu posso dizer é que a visibilidade aumentou. Quando você tem mais visibilidade, isso muda a percepção sobre a questão.”
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O marco mais famoso dessa tendência é o Black Lives Matter, movimento criado na internet após o assassinato de Trayvon Martin, aos 17 anos, por um vigia na Flórida, em 2012. De lá para cá, houve uma escalada de registros de casos de violência policial e de protestos, às vezes violentos.
A maior onda de manifestações talvez tenha sido no segundo semestre de 2014, após um júri do Missouri recusar o indiciamento de um policial pela morte de Michael Brown, afro-americano de 18 anos baleado na cidade de Ferguson.
Na véspera da morte de Castile, no mês passado, surgiu o vídeo de dois policiais matando a tiros o afro-americano Alton Sterling, na saída de uma loja de conveniência em Baton Rouge, Louisiana. Nos dias seguintes, ataques a tiros contra policiais chocaram o país: em Dallas, Texas, um atirador matou cinco e deixou nove feridos; e, de novo em Baton Rouge, um atirador atingiu seis agentes, matando três. A advogada Nekima Levy-Pounds, presidente da filial de Minnesota da NAACP, diz concordar que a novidade recente é o aumento da visibilidade em razão das redes sociais. “O Black Lives Matter tem sido um catalisador”, disse.
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