Interpol procura ladrões da quadrilha 'pantera cor-de-rosa'

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Por PIERRE THEBAULT
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Depois de seis anos levando baile de uma quadrilha especializada em roubo de jóias conhecida como "pantera cor-de-rosa", policiais de 16 países reuniram-se em Mônaco a fim de coordenar os esforços para capturar a gangue cujos golpes somam 200 milhões de dólares. Calcula-se que os panteras cor-de-rosa tenham sido responsáveis por cerca de 120 ataques contra joalherias em aproximadamente 20 países, desde o primeiro roubo no refinado distrito de Mayfair, em Londres, em 2003. A organização policial internacional Interpol acredita que existam até 200 criminosos panteras cor-de-rosa, muitos deles de nacionalidade sérvia com experiência militar. O grupo recebeu o apelido da polícia britânica após o roubo de 2003 e remete ao gentil ladrão de diamantes do filme Pantera Cor-de-Rosa, dos anos 1960. A verdade é muito diferente, diz Emmanuel Leclaire, vice-diretor de assuntos criminais e tráfico de drogas da Interpol. "Estas são pessoas violentas portando muitos armamentos que não hesitam em abrir fogo caso tenham alguma dificuldade, mesmo que não tenham matado ninguém ainda", afirmou Leclaire, durante a reunião da polícia na quarta e na quinta-feira. O grupo protagonizou um de seus golpes mais espetaculares em dezembro, quando seus integrantes saíram da joalheria Harry Winston, no centro de Paris, com 85 milhões de euros (110 milhões de euros) em mercadorias, disfarçados de mulher. Apontando armas aos funcionários aterrorizados, os homens esvaziaram a loja em menos de 20 minutos, passando despercebidos pelos pedestres na requintada avenida Montaigne. As companhias de seguros ofereceram recompensa de 1 milhão de dólares por informações que levem à prisão do grupo, até agora sem sucesso. Diferentemente de outros grandes grupos do crime organizado, como a Máfia Siciliana, a polícia diz que os panteras cor-de-rosa não têm uma estrutura organizacional clara e atuam em unidades pequenas e móveis. Eles têm uma queda por relógios de luxo, que são mais fáceis de serem vendidos do que jóias exclusivas, mas os investigadores admitem desconhecer a extensão total da rede criminosa. "Sabemos que o alvo favorito deles são as joalherias, mas ainda não sabemos de fato se estão envolvidos na venda de bens roubados ou se estão envolvidos em tráficos de drogas ou armas ou atuam com falsificações", disse Leclaire, da Interpol. A polícia de países tão distantes quanto Japão, Estados Unidos e Suíça encontraram-se para compartilhar fotos, impressões digitais e idéias na esperança de obter pistas para os casos. Ao longo dos anos, alguns suspeitos de pertencer à quadrilha foram presos. Quarenta estão na cadeia de diversos países, mas a polícia afirma estar longe de desmantelar o grupo. "Eles vão para a prisão, depois saem. Isso nunca acaba", disse Andre Muhlberger, chefe da segurança pública em Mônaco. "Em geral eles não são muito falantes e temo que seja impossível ter todos deles atrás das grandes ao mesmo tempo", acrescentou.

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