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Invasão de Hebron é temporária, diz Israel

Por Agencia Estado
Atualização:

Horas depois de o gabinete israelense ter aceitado um acordo para pôr fim ao confinamento de Yasser Arafat em seu quartel-general em Ramallah, tropas de Israel reocuparam neste domingo à noite a cidade palestina de Hebron, causando a morte de pelo menos nove palestinos. A invasão de Hebron foi classificada por Israel como "uma operação por tempo limitado", em represália ao ataque do último sábado contra um assentamento judaico em Adora, nas proximidades de Hebron, no qual morreram quatro israelenses - incluindo uma menina de 5 anos. A autoria do atentado em Adora foi reivindicada pelo movimento radical islâmico Hamas. Segundo fontes israelenses e palestinas, um dos participantes do ataque foi morto durante a ofensiva em Hebron. Ao mesmo tempo, o ministro da Defesa de Israel, Binyamin Ben-Eliezer, anunciou que o cerco ao QG de Arafat tinha sido relaxado. "A partir de hoje, Arafat pode ir para onde quiser", declarou. Mas o líder palestino afirmou que não deixará o complexo - de onde não sai desde 29 de março - até que os tanques israelenses se retirem completamente de Ramallah. Segundo o acordo aceito por Israel, o sítio ao semidestruído complexo da Autoridade Palestina em Ramallah terminaria com a transferência para uma prisão em Jericó de seis palestinos acusados do assassinato do ministro israelense de Turismo Reshavan Zeevi, em outubro. Em Jericó, os acusados ficarão sob a custódia de americanos e britânicos. Na semana passada, os tanques israelenses tinham deixado a maior parte de Ramallah, mas mantiveram o cerco ao QG de Arafat, exigindo a entrega dos suspeitos. Segundo analistas, o gabinete israelense concordou - com uma certa relutância -, com a proposta de manter os acusados sob a guarda da Grã-Bretanha e dos EUA, na esperança de reduzir a pressão internacional para que aceite a presença de uma comissão da ONU encarregada de investigar possíveis abusos na ofensiva contra o campo de refugiados de Jenin. O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, declarou, nesta segunda-feira, que os americanos encarregados da custódia dos suspeitos "não serão militares, mas sim agentes de segurança". Fleischer não quis confirmar se para a tarefa serão destacados agentes da CIA. Tanto em Washington quanto nas cidades palestinas, estima-se que a transferência dos suspeitos deve começar nesta terça-feira e ser encerrada na quarta-feira, quando finalmente Arafat recuperará sua liberdade de movimentos. "Recebemos a garantia dos EUA e da Grã-Bretanha de que o presidente palestino estará livre para deslocar-se não só por sua terra, mas também ao exterior e voltar", disse nesta segunda-feira o ministro de Informação da AP, Yasser Abed Rabbo. Antes de ser cercado em seu QG, em março, os movimentos de Arafat já estavam restritos, desde dezembro, e ele cancelou viagens internacionais ante a ameaça israelense de não permitir seu retorno. Por meio de seus porta-vozes, o presidente americano, George W. Bush, enviou mensagens tanto a Arafat quanto ao primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon. Bush espera que o líder palestino, livre do confinamento, execute as ações para conter os grupos radicais que promovem atentados contra Israel. De Sharon, Washington espera o fim de todas as incursões às áreas palestinas.

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