Invasão do Iraque deve começar na quarta-feira

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Por Agencia Estado
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O presidente George W. Bush decidiu que o tempo para diplomacia no Iraque terminou e que daria um ultimato a Saddam Hussein para deixar o país, juntamente com sua família e algumas figuras-chave do regime. A aposta enorme e arriscada do líder americano, que definirá os rumos de sua presidência e afetará as relações internacionais durante anos, foi anunciada pelo secretário de Estado Colin Powell. Bush vai dirigir-se aos americanos pela televisão, nesta noite, para explicar sua decisão e prepará-los para uma guerra, que pode começar já na quarta-feira. O presidente deverá fazer um segundo pronunciamento ao país nesta semana, tão logo ordene o ataque e dê início à primeira guerra iniciada pelos EUA sem ser diretamente provocado. Hoje de manhã, depois de uma noite de consultas infrutíferas com os países membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, os Estados Unidos, Inglaterra e Espanha retiraram a proposta de resolução que haviam apresentado na semana retrasada, dando prazo até hoje para o regime de Bagdá submeter-se aos termos da resolução 1441. A resolução, aprovada por unanimidade no dia 8 de novembro passado, ordenou o desarmamento incondicional e imediato do Iraque. O secretário de Estado disse que diante da "certeza do veto da França e talvez de outros", não havia mais razão para insistir na via diplomática e era chegada a hora de o Iraque enfrentar as "sérias conseqüências" previstas da resolução 1441. "Todo mundo aceitou que a resolução não teria êxito porque havia um país, a França, que indicou que a vetaria sob quaisquer circunstâncias", disse ele. Fontes da Casa Branca adiantaram que Bush daria 48 horas ao ditador iraquiano para buscar o exílio antes de dar a ordem de ataque para a força de mais de 250 mil soldados americanos e ingleses que estão prontos para entrar em ação no Kuwait e em vários pontos do Golfo Pérsico. Powell deixou claro que mesmo uma saída voluntária de Saddam Hussein virá tarde demais para evitar a invasão do Iraque. A aceitação dessa condição, que não consta da resolução 1441 e foi rejeitada hoje por Bagdá, permitiria uma "entrada pacífica de forças" no país, em lugar de uma guerra aberta, explicou o secretário de Estado. O governo dos EUA informou hoje às Nações Unidas que deve retirar os 56 inspetores que continuavam no Iraque. Pouco depois, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, ordenou a retirada de todos os funcionários da organização no país. Funcionários americanos comunicaram também aos órgãos da imprensa dos EUA e do resto do mundo, bem como a organizações humanitárias, que devem deixar o país, advertindo que antes e durante a Guerra do Golfo Saddam Hussein usou estrangeiros no Iraque como reféns. As redes CNN e CBS, dos EUA, e BBC e INT, da Inglaterra, anunciaram que manterão suas equipes em Bagdá. Paralelamente, o Departamento de Estado ordenou a evacuação das famílias de funcionários americanos e do pessoal não essencial nas embaixadas dos EUA no Kuwait, Arábia Saudita, Síria, Jordânia, Israel e de outros países do Oriente Médio. Respondendo à opinião internacional expressa pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Igor Ivanov, segundo a qual as atuais resoluções do Conselho de Segurança não "dão nenhum direito legal" ao lançamento de um ataque contra o Iraque, Powell afirmou que quaisquer ações levadas a cabo para impor a resolução 1441 seriam justificadas sob as resoluções em vigor sobre o país, incluindo a própria 1441 e as de número 687 e a 678, que estabeleceram os termos da rendição incondicional do Iraque após sua derrota na Guerra do Golfo, em 1991. Saddam Hussein, em discurso aos iraquianos, disse que o Iraque "já teve, mas não tem mais" armas de destruição em massa. Bush tomou a decisão de dar por fechada a porta da diplomacia e ir à guerra para derrubar Saddam Hussein e desarmar o Iraque depois de uma reunião, pela manhã, com os ministros que integram seu conselho de segurança nacional e com diretores dos serviços de segurança. Num sinal sobre a proximidade do início de um ataque ao Iraque, o general Tommy Franks, que comanda as forças americanas no Golfo Pérsico a partir do emirado de Catar, reuniu-se hoje no Kuwait com o comandante das forças terrestres, o general David D. McKiernan. No sábado, Franks havia se encontrado com os comandantes das forças navais e dos fuzileiros, em Barhein.

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