PUBLICIDADE

Investimento da PDVSA no Brasil passa para segundo plano

Por Agencia Estado
Atualização:

Embora exista um crescente interesse da Petróleos de Venezuela (PDVSA) de investir no Brasil, a prioridade da segunda maior estatal do planeta na área de petróleo é reconstruir a companhia, reerguer a sua produção e reconquistar a sua credibilidade, prejudicadas com a greve que dura mais de dois meses. Os investimentos fora da Venezuela, entre eles a participação numa nova refinaria da Petrobras no Nordeste, orçada em US$ 2 bilhões, ficaram para um segundo plano, disse à Agência Estado uma fonte próxima da PDVSA em Caracas. ?Os projetos internacionais da companhia estão em ?banho-maria?. A prioridade agora é recuperar a sua credibilidade, já que, com a brutal queda de produção provocada pela greve, se mostrou como fornecedor não confiável?, explicou essa fonte, por telefone, da capital venezuelana. Há pouco mais de um mês, em um de seus últimos informes, a empresa norte-americana de análises estratégicas Stratfor afirmara que a greve da indústria petrolífera venezuelana provocaria danos de longa duração na capacidade de produção, credibilidade e solvência financeira da PDVSA e de suas subsidiárias internacionais. "Provavelmente, a companhia demorará anos para recuperar a sua condição exportadora rentável, eficiente e confiável?, dizia esse informe. A Stratfor afirmava também que, quanto mais prolongada fosse a greve, mais cara e lenta seria a recuperação da produção de petróleo e da credibilidade da estatal venezuelana, responsável por 50% da arrecadação tributária e por 80% das divisas que entram no país. Com a paralisação da estatal, por exemplo, a Venezuela se viu forçada a importar gasolina do Brasil, Trinidad e Tobago, Estados Unidos, Rússia e de outros países. A idéia de a PDVSA investir pesado no Brasil ocorreu em setembro do ano passado, quando foi realizado um gigantesco congresso sobre o setor de petróleo no Rio de Janeiro. Naquele evento, a cúpula da estatal venezuelana, que incluía o presidente Alí Rodrígues, havia proposto importar derivados de petróleo venezuelano por meio dos escritórios da PDV (distribuidora) instalados no Nordeste e Norte do País e distribui-los naquela região. "Os planos, entretanto, acabaram não se concretizando", contou à Agência Estado uma fonte próxima da PDVSA em Caracas. Outro plano da PDVSA, ainda mais ambiciosos, se referia à uma associação com a Petrobras e com outras companhias internacionais do setor para construir uma refinaria no Nordeste ou no Norte. A idéia era importar cru da Venezuela, refiná-lo e distribui-lo nessas duas regiões do País. Com a greve de grande parte dos 40 mil funcionários da PDVSA, no entanto, os planos foram por água abaixo, explicou essa fonte. Agora, a prioridade da estatal e recuperar tudo que perdeu em mais de 60 dias de paralisação. Até antes do dia 4 de dezembro do ano passado, quando começou a greve, a PDVSA, cujos ativos somam quase US$ 56 bilhões e cujas vendas superaram os US$ 46 bilhões em 2001, produzia mais de 3,5 milhões de barris por dia, volume quase próximo aos 3,9 milhões de barris da capacidade de produção total da Venezuela, onde existem mais de 20 mil poços, mais de 2,4 mil jazidas de cru, 300 campos petrolíferos e 6 mil quilômetros de oleodutos. A capacidade de processamento da PDVSA é de 1,3 milhão de barris por dia em seis complexos espalhados na costa venezuelana. Outros 2 milhões de barris de petróleo extraídos pela estatal são processados em uma refinaria no Caribe, em oito nos EUA e em nove na Europa.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.