23 de dezembro de 2016 | 05h00
O arsenal nuclear americano jamais deixou de ser atualizado mas, sem pressão estratégica no setor, o processo saiu do campo das prioridades em 2006 por iniciativa do republicano George W. Bush, o presidente que sofreu o ataque do terror às Torres Gêmeas, em 2001.
A força ainda está com Washington. Nada se compara ao estoque atômico de mais de 7 mil ogivas de mísseis, bombas de vários tipos, dispositivos subaquáticos, cargas de pequeno porte e, talvez um certo número de granadas de artilharia, preservadas há 50 anos.
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Por determinação do governo, 1.250 dessas peças precisam estar sempre prontas para uso. Em 2017, a manutenção da força nuclear vai consumir US$ 25 bilhões do orçamento total da Defesa, fixado em US$ 583 bilhões.
A situação está desconfortável para os EUA. Há dois meses, o presidente russo, Vladimir Putin, apresentou o programa de construção de 40 unidades do Satã-2, o maior míssil intercontinental já construído pela Rússia, provavelmente o primeiro do mundo com alcance planetário. Leva três cargas explosivas independentes, capazes portanto de realizar o voo final até o alvo – a 17 mil km de distância.
A China mantém mísseis atômicos e 66 deles são capazes de atingir os Estados Unidos ou a Europa – 16 estão em fase de modernização. O Pentágono considera “no patamar do acompanhamento”, de acordo com o secretário da Defesa, Ashton Carter, as atividades da Coreia do Norte e teme “um eventual desvio de sistemas em poder de outras nações”, referência ao Paquistão e à Índia.
Trump terá de decidir como será conduzido o processo de atualização dos 450 mísseis longo alcance Minuteman e dos 330 possíveis de serem embarcados na nova geração dos imensos submarinos de ataque nuclear da classe Ohio. A primeira estimativa de custo bate em US$ 250 bilhões ao longo de 10 anos.
Um problema a menos nesse quadro foi resolvido pelo democrata Barack Obama: em outubro, o presidente destinou US$ 6 bilhões ao plano de atualização tecnológica das bombas atômicas B-61, de uso tático. São consideradas pequenas – ainda assim, são 17 vezes mais poderosas que o artefato lançado sobre Hiroshima, em agosto de 1945.
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