12 de janeiro de 2010 | 16h15
O Irã acusou nesta terça-feira Israel e os Estados Unidos de envolvimento na explosão de uma bomba que matou nesta terça-feira um importante físico iraniano, de acordo com a imprensa do país.
A TV iraniana afirmou que investigadores do governo encontraram indícios da atuação do serviço secreto israelense, o Mossad, na explosão.
"Investigações iniciais mostram sinais visíveis do regime sionista, dos Estados Unidos e de seus agentes neste ato terrorista", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, segundo a TV estatal Irib.
O departamento de Estado americano refutou as acusações como "absurdas".
Controvérsia
O governo de Teeã afirma que Masoud Ali Mohammadi estava envolvido no programa nuclear iraniano e seria um "dedicado professor revolucionário", que teria sido assassinado por grupos "antirrevolucionários".
Mas o repórter da BBC especializado em assuntos iranianos Jon Leyne diz que, segundo acadêmicos, o campo de atuação de Mohammadi era a física quântica, não a física nuclear.
Existem também relatos díspares sobre seu posicionamento político. Alguns afirmam que ele não se envolvia em atividades políticas, mas outros dizem que o acadêmico apoiou o líder oposicionista Hossein Mousavi nas eleições presidenciais de junho passado.
"O que quer que tenha acontecido, a oposição certamente vai temer que este assassinato seja usado como justificativa para mais repressão", afirma Leyne.
O Irã vive momentos de tensão desde as polêmicas eleições do ano passado nas quais o presidente Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito sob acusações de fraude, o que levou a enormes passeatas contra o governo.
Explosão
A imprensa local disse que a bomba foi instalada em uma motocicleta estacionada em frente ao prédio em que o professor morava, no bairro de Qeytariyeh, no norte da capital.
A emissora TV Press levou ao ar imagens do local do atentado e afirmou que janelas de prédios próximos foram destruídas pelo impacto da explosão.
O programa nuclear do Irã é um dos assuntos mais polêmicos do Oriente Médio.
O governo iraniano afirma que ele tem objetivos pacíficos, mas os Estados Unidos e outras potências ocidentais suspeitam que por trás do programa estejam pesquisas sobre armas nucleares.
Em dezembro, o Irã acusou a Arábia Saudita de deter um cientista nuclear iraniano e entregá-lo aos americanos. No entanto, os sauditas refutam as acusações.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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