Irã amplia enriquecemento de urânio com novas centrífugas

Conjunto de centrífugas voltado para o processo teria ficado pronto há duas semanas

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Por Agencia Estado
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O Irã expandiu seu controverso programa nuclear ao colocar em funcionamento uma segunda rede de centrífugas para o enriquecimento de urânio, segundo informações desta sexta-feira de uma agência de notícias semi-oficial iraniana. A notícia surge no momento em que o Conselho de Segurança (CS) da ONU discute uma proposta de resolução para impor sanções limitadas ao Irã, que não suspendeu seu programa de enriquecimento de urânio apesar da pressão internacional. O processo pode produzir material para reatores nucleares ou para ogivas de bombas atômicas. Em reportagem divulgada nesta sexta-feira, a Isna cita um membro do governo, que afirmou sob condição de anonimato que o Irã começou a injetar gás hexafluoreto de urânio em uma segunda cascata de centrífugas (conjunto de 164 centrífugas), e obteve sucesso nos resultados do enriquecimento. "Estamos injetando gás na segunda cascata, instalada há duas semanas", disse a fonte, segundo a Isna. Ainda de acordo com a agência, a cascata duplicou a capacidade de enriquecimento de urânio do país. "Já exploramos o produto da segunda cascata", disse o funcionário. Acredita-se que as autoridades iranianas passam à Isna informações que eles querem ver publicadas, mas que consideram muito delicadas para a imprensa oficial. Reação A França - que entre os países ocidentais é o que menos pressiona o Irã sobre seu programa nuclear - foi o primeiro membro do Conselho de Segurança a comentar a informação. Segundo Ministério do Exterior francês, a expansão do programa nuclear iraniano é um "sinal negativo", e deve ser levado em conta nas discussões sobre as possíveis sanções contra Teerã. A Rússia, no entanto, minimizou o anúncio, dizendo que a expansão do programa de enriquecimento de urânio iraniano não deve ser visto com preocupação. Moscou, que possui importantes laços comerciais com Teerã, tem poder de veto no Conselho de Segurança. Para diplomatas ouvidos pela Associated Press no começo da semana, mesmo a realização de "testes secos" com as centrífugas seria considerado uma provocação pelos países ocidentais. O funcionário iraniano citado pela Isna disse que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) foi avisada de que o Irã iniciaria a injeção de gás em suas novas centrífugas. Ainda segundo ele, inspetores da AIEA já chegaram à Teerã. A agência não quis comentar a informação. Produção ampliada A primeira cascata do Irã, de 164 centrífugas, produziu uma pequena quantidade de urânio enriquecido em fevereiro, na usina de Natanz. O Irã afirma ter planos para instalar 3 mil centrífugas em seu centro nuclear em Natanz até o final do ano. Segundo especialistas, cerca de 54 mil centrífugas seriam necessárias para a produção de combustível suficiente para ser usado em um reator nuclear.

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