Irã culpa EUA por atentado à mesquita

Ministro diz que Washington quer inflamar violência sectária no país

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Por AP , AFP , Reuters e TEERÃ
Atualização:

O governo do Irã culpou ontem EUA e Israel pelo atentado lançado na véspera na cidade de Zahedan, no qual 25 pessoas morreram. "Os responsáveis pelo ataque não são xiitas nem sunitas. São americanos e israelenses que querem inflamar o conflito sectário em nosso país", disse Sadeq Mahsouli, ministro do Interior do Irã. O vice-governador, Jalal Sayyah, corroborou a acusação do ministro. "Nossa investigação mostrou que os terroristas (que atacaram Zahedan) foram contratados pelos EUA", disse Sayyah. Em entrevista à agência de notícias iraniana Fars, ele afirmou que os culpados pela explosão estão ligados aos "agentes da arrogância", em referência ao governo americano. Teerã informou ontem que 25 pessoas morreram e 145 ficaram feridas no atentado, que ocorreu em uma mesquita xiita em Zahedan, localizada perto da fronteira com Paquistão e Afeganistão. Em contraste com a as demais áreas do país, a cidade tem maioria sunita. O ataque ocorre em um período conturbado no Irã, que vai às urnas no dia 12 para o primeiro turno das eleições presidenciais. REAÇÃO Washington rejeitou a acusação de Teerã de que estaria por trás do ataque de quinta-feira. "Condenamos todo tipo de terrorismo. Não patrocinamos nenhuma forma de ação terrorista no Irã ou em qualquer outro lugar do mundo. Nunca fizemos isso e nunca faremos", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly. "Continuamos a trabalhar com a comunidade internacional para prevenir ataques contra civis inocentes", afirmou Kelly, acrescentando que os EUA estão preocupados com a recente onda de ataques contra mesquitas xiitas no Irã, Iraque e Paquistão. Não é a primeira vez que Teerã acusa Washington de financiar atos terroristas no Irã. Em abril de 2008, o Irã culpou os EUA por um ataque suicida semelhante, ocorrido em uma mesquita xiita na cidade de Shiraz (sul), no qual 14 pessoas morreram. Na ocasião, três homens foram acusados de trabalhar para os EUA. Condenados à forca, eles foram executados no mês passado. PRISÕES Segundo Teerã, três suspeitos já foram presos. No entanto, nem a polícia nem o governo informaram a qual grupo terroristas eles pertencem. Após as explosões, foram levantadas suspeitas de que o grupo insurgente Jundallah - que luta pelo direito da minoria sunita no Irã - estaria por trás do atentado, já que eles fizeram um ataque semelhante na cidade em 2007. Ontem, Abdel Raouf Rigi, que disse ser líder do Jundallah, declarou que seu grupo foi responsável pelo atentado e afirmou que o alvo era um encontro secreto entre membros da Guarda Revolucionária, que ocorria na mesquita. Em uma mensagem divulgada na TV estatal, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu a líderes sunitas e xiitas que contenham suas reações ao ataque de Zahedan e se distanciem de extremistas.

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