PUBLICIDADE

Irã discute programa nuclear com potências ocidentais em Genebra

Negociações devem durar dois dias e abrir caminho para novos encontros sobre o assunto.

Por BBC Brasil
Atualização:

Irã alega que seu programa nuclear tem fins pacíficos Representantes do Irã e do P5+1 (grupo que reúne os cinco países que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e mais a Alemanha) iniciaram nesta segunda-feira, em Genebra (Suíça), uma nova rodada de negociações para discutir o programa nuclear iraniano. O mais importante negociador do programa nuclear iraniano, Saeed Jalili, se encontrou com a chefe de política exterior da União Europeia, Catherine Ashton, e autoridades de Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha. Os Estados Unidos e seus aliados acusam o Irã de tentar produzir armas nucleares, o que o país nega. O governo iraniano alega que seu programa nuclear tem fins pacíficos, para uso civil. As negociações devem durar dois dias e analistas já antecipam que o melhor resultado que se pode esperar é apenas um acordo para a realização de mais reuniões. De acordo com fontes ouvidas pelo correspondente da BBC em Genebra James Reynolds, as negociações destes dois dias serão "construtivas e abrangentes", mas os envolvidos admitem que há falta de confiança de ambos os lados. O correspondente da BBC afirma que Jalili e Ashton se encontraram para a foto oficial e depois iniciaram a reunião. Durante a primeira parte, a delegação iraniana discutiu os ataques ocorridos há duas semanas em Teerã contra dois cientistas nucleares iranianos. O governo do Irã acusou agências secretas do ocidente de realizar os ataques. Ashton, por sua vez, condenou os episódios. A última reunião em Genebra ocorreu em outubro de 2009 e parecia ter chegado a um acordo em que o Irã iria exportar urânio com baixo grau de enriquecimento para ser processado em outro país. Mas, depois disso, o Irã introduziu novas condições e o acordo fracassou. Primeiro lote A reunião desta segunda-feira também ocorre um dia depois de o Irã ter anunciado que enviou seu primeiro lote de urânio produzido no país a uma usina, que poderá deixá-lo pronto para enriquecimento. O urânio enriquecido pode ser usado como combustível em reatores para a geração de energia ou utilizado para a fabricação de armamentos nucleares. Acreditava-se que o Irã tinha pouco estoque de urânio concentrado, originalmente importado da África do Sul nos anos 1970. O envio do primeiro lote foi comunicado pelo chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi. Nesta segunda-feira, Salehi também comentou a reunião em Genebra na televisão estatal iraniana e afirmou que as negociações visam beneficiar outros países, e não o Irã. "Queremos criar uma solução diplomática para sair do impasse político para aqueles que nos pressionaram", afirmou. A ONU já aplicou várias rodadas sucessivas de sanções contra o Irã depois de o país não cumprir com as resoluções do Conselho de Segurança, ordenando que o país suspendesse o enriquecimento de urânio. O Conselho de Segurança afirma que, até que as intenções pacíficas do Irã possam ser comprovadas, o país deveria interromper o enriquecimento e outras atividades nucleares. O Irã diz que, como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, tem o direito de enriquecer urânio para a produção de energia de uso civil. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.