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Irã diz que Blair pediu desculpas; premier inglês nega acordo

Militares britânicos foram libertados por Teerã e chegaram nesta manhã a Londres

Por Agencia Estado
Atualização:

Ali Akbar Velayati, principal conselheiro do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, assegurou nesta quinta-feira que o Irã conseguiu seus objetivos na crise com a prisão dos 15 marinheiros britânicos e que o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, enviou na terça-feira uma carta de desculpas a Teerã por ter invadido as águas territoriais iranianas, o que era negado até então pelo governo britânico. Contudo, nesta quinta pela manhã, com a chegada dos militares britânicos a Londres, Blair disse que "não houve acordo" e que a Inglaterra irá agora rever suas relações diplomáticas com o Irã. Em entrevista à televisão estatal, Velayati disse que "alguns vinculam a libertação dos marinheiros com o ultimato de 48 horas" dado por Blair na terça-feira, já que Teerã tinha colocado como condição para a resolução da crise que Londres pedisse desculpas pela "entrada ilegal" em águas iranianas. "Na véspera da libertação, o primeiro-ministro do Reino Unido enviou uma carta de desculpas" ao governo iraniano, afirmou Velayati, assessor para temas internacionais de Khamenei e ex-ministro de Exteriores no Executivo de Ali Akbar Rafsanjani (1989-1997). Libertados na quarta-feira após 13 dias em Teerã, os britânicos desembarcaram nesta manhã no aeroporto de Heathrowa, em Londres, no vôo BA 6634 vindo de Teerã. Os 15 marinheiros e fuzileiros navais foram transferidos para helicópteros militares e voaram para uma base militar em Devon, a sudoeste de Londres, para um encontro com suas famílias. No dia 23 de março, a Guarda Revolucionária Iraniana havia capturado 15 militares e marinheiros britânicos alegando invasão de território marítimo. Os britânicos participavam de uma operação de vigilância de fronteiras, inspecionando um navio cargueiro. Desde então, o governo do Reino Unido, os Estados Unidos e a União Européia pediram que o Irã libertassem os detidos. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, alegando ser um "presente de Páscoa", anunciou a libertação dos marinheiros na quarta-feira, durante uma entrevista coletiva. Repercussão A detenção dos britânicos por quase 15 dias gerou tensões entre os dois países, e foi condenada pela União Européia, que a considerou uma violação de leis internacionais. O episódio veio à tona num momento em que as tensões entre o Irã e o Ocidente - em especial os Estados Unidos e o Reino Unido - já encontravam-se em alta por causa recusa de Teerã em suspender seu polêmico programa nuclear. A crise foi marcada por uma engenhosa campanha de propaganda encabeçada pelo governo iraniano, que usou supostas confissões em vídeos, fotos e cartas dos militares britânicos para comprovar a "invasão" das águas iranianas. Num dos momentos mais dramáticos, a única mulher do grupo, a marinheira Faye Turner, apareceu em um vídeo veiculado pela TV estatal dizendo que os britânicos "certamente invadiram" as águas iranianas. Em uma carta ela também afirmava ter sido "sacrificada" pela política de guerra de Londres e Washington. Na semana passada, a crise desencadeada pela captura dos militares britânicos elevou os preço do barril do petróleo aos níveis mais altos do ano. Com o anúncio da liberação, entretanto, o valor apresentou tendência de queda.

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