VIENA - A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, descreveu as conversas entre o Irã e o grupo G5+1 (EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha mais a Alemanha) como "substanciais e úteis" e disse que uma nova reunião deve ocorrer em abril. O ponto de divergências entre Teerã e as seis potências ocidentais foi sobre um reator nuclear iraniano ainda em planejamento que poderia gerar plutônio para bombas.
A reunião em Viena nesta quarta-feira, 19, foi a segunda de uma série em que as seis nações potências esperam produzir um acordo sobre a amplitude do programa nuclear iraniano, para garantir que tenha somente fins pacíficos.
Nesta semana os dois lados tentaram aparar as arestas de dois temas controversos: o nível de enriquecimento de urânio no Irã e seu reator de água pesada em Arak, que o Ocidente vê como possível fonte de plutônio para bombas.
Aparentemente não houve acordo e as duas partes disseram que voltarão a se falar entre 7 e 9 de abril, também na capital austríaca. Entretanto, o ministro das Relações Exteriores de Teerã expressou otimismo com a possibilidade de um acordo final até a data limite de 20 de julho.
O objetivo mais amplo é dar ao Ocidente a confiança de que o Irã não será capaz de produzir bombas atômicas e a Teerã a suspensão completa das sanções econômicas que prejudicaram a economia do país, membro da Organização de Países Produtores de Petróleo (Opep).
O Irã nega que seu programa de energia nuclear civil seja uma fachada para o desenvolvimento de armas nucleares, mas suas restrições a inspeções da ONU causam preocupações. "Tivemos conversas substanciais e úteis, cobrindo uma série de temas, entre eles o enriquecimento, o reator de Arak, a cooperação nuclear civil e as sanções", disse Ashton aos repórteres após o encontro de dois dias.
Os EUA pediram ao Irã que elimine ou altere radicalmente seu reator ainda em fabricação, mas até agora Teerã rejeitou a ideia, embora insinue que pode modificar a usina.
Um diplomata ocidental afirmou que o propósito da atual rodada de negociação não é acertar um acordo definitivo. "O objetivo destas sessões não é resolver quaisquer tópicos a esta altura, mas conversar em meio às diferenças e trabalhar para reduzi-las", declarou o diplomata, falando sob condição de anonimato.
As nações ocidentais querem que o reator de Arak seja modificado o suficiente para terem certeza de que não apresentará ameaça de proliferação de bombas. O Irã insiste que o complexo no deserto esteja livre para operar sob qualquer acordo, já que seria usado somente para produzir radioisótopos para tratamentos médicos.
O Irã e as potências almejam finalizar o acordo permanente até o final de julho, quando vence o acordo interino inédito assinado em 24 de novembro. Pelo acordo, Teerã concordou suspender parte de seu programa nuclear em troca da suspensão parcial das sanções internacionais./ REUTERS e EFE