Irã exige reciprocidade para cancelar enriquecimento

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que país está pronto para suspender programa de produção de urânio caso EUA e aliados façam o mesmo

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Por Agencia Estado
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse nesta terça-feira que seu país está pronto para suspender seu programa de enriquecimento de urânio caso as nações que reivindicam essa medida concordem em fazer o mesmo. Ahmadinejad falou a uma multidão em uma cidade no norte do país, a um dia do término de um ultimato dado pelo Conselho de Segurança da ONU para que o Irã cancele essas atividades. Segundo o presidente, seu país não vê problemas em suspender o enriquecimento, mas, para ele, "negociações justas requerem um gesto semelhante das nações Ocidentais". Em dezembro, Teerã foi alvo de uma resolução da ONU determinando medidas punitivas em resposta à resistência do país em cumprir com as exigências internacionais. A República Islâmica é acusada pelos Estados Unidos de possuir um programa nuclear secreto, cujo objetivo seria desenvolver um arsenal nuclear. Segundo o texto do Conselho de Segurança da ONU, o país tem até esta quarta-feira, 21, para cancelar essas atividades e retornar à mesa de negociações. Caso não cumpra com a exigência, Teerã poderá ser submetido a um novo pacote de sanções determinadas pela ONU. "Não vemos problemas em suspender nosso programa de combustíveis. Mas a justiça determina que aqueles que querem negociar conosco suspendam seus programas também. Desta forma podermos negociar sob uma atmosfera justa", disse o presidente iraniano. O Irã insiste que não aceitará nenhuma condição prévia para o início das negociações com o Ocidente. O urânio enriquecido a uma baixa concentração pode ser utilizado como combustível para a geração de energia nuclear, mas, a altos níveis, é também um elemento chave no desenvolvimento de ogivas atômicas. "Por que suas enormes fábricas de produção de combustível podem funcionar 24 horas, enquanto nossas instalações tecnológicas recentemente fundadas devem permanecer fechadas?", questionou o líder persa. Os presentes responderam com um coro de "a energia nuclear é nosso direito". Embora desafiadoras, as declarações de Ahmadinejad vêm em um tom mais conciliador do que em outras ocasiões. Insistindo que pretende negociar, o líder iraniano evitou fazer ataques diretos a seus adversários. "Somos partidários do diálogo, mas o diálogo deve acontecer em condições justas. Se vocês quiserem se aproveitar de algumas entidades internacionais de forma injusta, eu digo que serão derrubados", acrescentou, em uma crítica ao papel das Nações Unidas no processo. O líder iraniano fez a declaração no dia em que o principal negociador do país para a questão nuclear, Ali Larijani, participará de um reunião em Viena com o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o egípcio Mohamed ElBaradei.

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