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Irã instala centrífugas avançadas para acelerar atividade nuclear

Por FREDRIK DAHL
Atualização:

O Irã começou a instalar centrífugas avançadas em sua principal usina de enriquecimento de urânio, disse a agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira, numa medida desafiadora que deve irritar as potências mundiais a poucos dias da retomada de uma negociação com Teerã. Em relatório confidencial, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que 180 centrífugas do tipo IR-2m foram ligadas na usina, perto da cidade de Natanz (centro do Irã). Elas ainda não foram acionadas. Se funcionarem corretamente, essas máquinas poderão permitir que o Irã acelere significativamente a construção do seu estoque de urânio enriquecido, um material que o Ocidente teme que possa ser usado no desenvolvimento de armas atômicas. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades. A chancelaria britânica disse que as conclusões da AIEA geram "séria preocupação", e o governo de Israel declarou que o relatório "prova que o Irã continua a avançar rumo ao limite que o primeiro-ministro (de Israel, Benjamin Netanyahu) estipulou em setembro no seu discurso à ONU". Na ocasião, Netanyahu declarou que o Irã estava próximo de acumular material suficiente para uma bomba atômica, mas que Israel não permitiria que esse ponto fosse atingido. Enquanto isso, parlamentares dos Estados Unidos estão redigindo um projeto de lei destinado a impedir o Banco Central Europeu de fazer negócios com o governo iraniano, de modo a impossibilitar Teerã de usar euros para desenvolver seu programa nuclear. O projeto, ainda em etapa preliminar de redação, teria como alvo o sistema de compensações internacionais do BCE, estabelecendo penalidades econômicas dos EUA contra entidades que usarem o Banco Central Europeu para fazer negócios com o governo iraniano, disse um assessor parlamentar nesta quinta-feira sob anonimato. O assessor revelou a ideia antes de uma nova rodada de negociações, na terça-feira, em que grandes potências esperam convencer o governo iraniano a conter seu programa nuclear, que os EUA suspeitam servir de fachada para o desenvolvimento de armas atômicas. Não está claro quantas novas centrífugas o Irã planeja instalar em Natanz, onde cabem milhares dessas máquinas. Uma nota da AIEA aos Estados membros, no fim do mês passado, sugeria que podem ser até 3.000, aproximadamente. Há anos o Irã tenta desenvolver centrífugas mais eficientes que a errática IR-1, modelo dos anos 1970 atualmente em uso. A introdução do novo modelo para uma produção em grande escala sofre atrasos e dificuldades técnicas, segundo especialistas e diplomatas. A instalação das novas centrífugas confirma a recusa iraniana em ceder à pressão ocidental para que restrinja seu programa nuclear e pode complicar ainda mais os esforços para resolver diplomaticamente a disputa, sem que ela resulte em uma nova guerra no Oriente Médio. (Reportagem adicional de John Irish, em Paris; de Rachelle Younglai, em Washington; e de Paul Carrel, em Frankfurt)

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