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Irã liberta condenada a morrer apedrejada

Sakineh Ashtiani, acusada de adultério e assassinato, mobilizou a opinião pública em todo o mundo contra castigo imposto por república islâmica

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Por Redação
Atualização:

TEERÃ - O secretário-geral do Alto-Conselho de Direitos Humanos do Irã, Mohamed Javad Larijani, informou na terça-feira, 18, que Sakineh Mohammadi Ashtiani, iraniana sentenciada à morte por apedrejamento por adultério, que teve a pena comutada para 10 anos de prisão após pressão internacional, foi libertada "há algumas semanas" por "bom comportamento".

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Sakineh, de 47 anos, estava presa desde maio de 2006, quando um tribunal a considerou culpada de manter "relações extraconjugais" com dois homens após a morte de seu marido. Ela foi punida com 99 chibatadas.

Em setembro do mesmo ano, porém, durante o julgamento do homem acusado de matar o seu marido, um outro tribunal reabriu um novo caso de adultério, desta vez com base em eventos que teriam ocorrido antes da morte do marido de Sakineh. No processo, ela foi acusada de "adultério enquanto casada" - o amante seria o próprio assassino do marido -, crime pelo qual foi condenada à morte por apedrejamento.

Personalidades políticas e artistas de todo o mundo assinaram uma carta de protesto condenando a execução. Entre os signatários estão a ex-secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice e José Ramos-Horta, presidente do Timor Leste e Prêmio Nobel da Paz. Os atores Robert De Niro e Robert Redford também firmaram o documento, além da atriz francesa Juliette Binoche e do filósofo Bernard-Henri Lévy.

 

Mobilização

 

Irritado, o governo iraniano se queixou de "ingerência externa" em assuntos do país e sempre se manteve intransigente com relação à condenação de Sakineh. O Brasil chegou a oferecer asilo à iraniana, em 2010, mas Teerã rejeitou a oferta, argumentando que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava a par de todos os fatos.

A agência Reuters informou que um porta-voz do Judiciário iraniano disse, sem entrar em detalhes, que a libertação de Sakineh era um sinal da "compaixão" que o islamismo demonstra ter com relação às mulheres. Não havia, no entanto, nenhuma informação sobre o regime da liberdade da iraniana, se era definitiva ou se estava submetida a alguma forma de restrição.

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"Na comunidade internacional, fizeram muito estardalhaço sobre o caso. Nós, no entanto, não demos a menor atenção", afirmou nesta terça Larijani. "Nós conseguimos o perdão da família da vítima, o que fez com que a pena já tivesse sido reduzida para 10 anos de prisão. Agora, ela foi beneficiada por bom comportamento." / REUTERS

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