Irã nega confisco de Prêmio Nobel da Paz de ativista

Advogada e defensora dos direitos humanos Shirin Ebadi afirmou que medalha e diploma foram levados de um banco em Teerã.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O Ministério do Exterior do Irã negou nesta sexta-feira que as autoridades do país tenham confiscado a medalha e o diploma do Prêmio Nobel da Paz entregues em 2003 à advogada e ativista defensora dos direitos humanos iraniana Shirin Ebadi. Ebadi afirmou que as comendas foram retiradas de um cofre de um banco em Teerã há cerca de três semanas por ordem de um tribunal iraniano. A advogada disse à BBC que sua conta bancária e a de seu marido também tinham sido bloqueadas. O governo da Noruega - país onde, todos os anos, é anunciado e entregue o Prêmio Nobel da Paz - convocou o encarregado de negócios do Irã no país para protestar contra o suposto confisco e afirmou estar "chocado" com a alegação. Impostos Ebadi, que atualmente vive em Londres, diz que as autoridades iranianas querem que ela pague impostos sobre o dinheiro do Prêmio que recebeu, mesmo que este dinheiro não esteja sujeito ao pagamento de tributos de acordo com a lei iraniana. "As autoridades iranianas não estão falando a verdade, pois, de acordo com nossas leis tributárias, não há imposto a pagar pelo dinheiro do Prêmio Nobel." "Mas, supondo que eles estejam falando a verdade e eu tenho que pagar o imposto sobre este prêmio, por que eles o confiscaram e bloquearam a conta bancária e o cofre que pertence ao meu marido? Além disso, a ordem para bloquear nossas contas bancárias deveria ter vindo das autoridades tributárias e a ordem para apreender a caixa veio da Corte Revolucionária", acrescentou a ativista em entrevista à BBC. Mohammed Ali Dadkhah, um porta-voz do grupo de direitos humanos do qual Ebadi faz parte, afirmou que o dinheiro do prêmio estava sendo usado "para ajudar prisioneiros de consciência e suas famílias". Ebadi, a primeira mulher muçulmana a ganhar um Prêmio Nobel, está fora do Irã desde que viajou à Espanha, para uma conferência que ocorreu um dia antes da eleição presidencial iraniana, do dia 12 de junho. O resultado da eleição, que manteve no poder o presidente Mahmoud Ahmadinejad, levou milhares de pessoas às ruas do Irã, em um protesto que durou vários dias e levou a centenas de prisões. Ebadi criticou a forma como foi realizada a eleição e o subsequente tratamento dado a esses manifestantes. A ativista diz que "recebeu várias mensagens ameaçadoras" desde que saiu do Irã, inclusive uma dizendo que ela iria ser detida caso voltasse ao país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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