Irã pede que Europa veja os "sinais positivos" de sua contraproposta

Proposta de Teerã aceita negociar o programa nuclear do seu país, mas aparentemente não abre mão do enriquecimento de urânio

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Por Agencia Estado
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O Irã insistiu nesta quarta-feira para que a Europa preste atenção aos "sinais claros e positivos" em sua contraproposta para resolver o impasse sobre seu programa nuclear, enquanto a China e a Rússia mostraram interesse em apoiar uma negociação. Desse modo, o Conselho de Segurança (CS) da ONU será o palco de batalhas diplomáticas caso os Estados Unidos imponha sanções ao Irã. Diplomatas europeus, americanos, russos e chineses analisaram a proposta iraniana, mas não deram nenhum comentário público. A proposta de Teerã aceita negociar o programa nuclear do seu país, mas aparentemente não abre mão do enriquecimento de urânio - exigência crucial do Conselho de Segurança para evitar sancionar o Irã. Aparentemente a contra-oferta foi feita com o objetivo de atrair os países europeus, a Rússia e a China para futuras negociações sem a aceitação da suspensão do enriquecimento de urânio - passo vital para a fabricação de armas nucleares - como preceito para as negociações. Isso poderá dividir os americanos e os britânicos dos franceses, chineses e russos, entre outros. No mês passado, a Rússia afirmou que o CS não tinha pressa em pressionar o Irã, adotando um tom mais conciliatório do que os Estados Unidos. "Se os Europeus prestarem atenção aos sinais claros e positivos incluídos na resposta iraniana, o caso será resolvido por meio de negociações e sem tensões", informou nesta quarta-feira a rádio estatal iraniana, citando o porta-voz do Ministério do Exterior Hamid Reza Asefi. Ele afirmou, ainda, que a resposta é um sinal da boa vontade que o Irã tem para resolver a crise. O problema em relação ao programa nuclear de Teerã está na insistência do Irã em utilizar uma tecnologia de ponta simplesmente para gerar eletricidade. Críticos, porém, dizem que o Irã está interessado no enriquecimento para produzir armas nucleares. O ministro do Exterior francês, Philippe Douste-Blazy, afirmou que "a porta ainda está aberta" para as negociações, mas apenas se o Irã suspender o enriquecimento de urânio primeiro. O porta-voz do Ministério do Exterior alemão, Martin Jaeger, disse que essa exigência em relação ao cancelamento do enriquecimento se deve ao fato de que o "Irã claramente perdeu a confiança da comunidade internacional". Segundo ele, os países não acreditam mais no argumento de que o programa nuclear é para o uso civil, e não bélico. Mesmo assim, a Rússia e a China - membros com poder de veto no CS - se mostraram receptivos a futuras negociações. O Ministério do Exterior russo informou que continuará buscando uma solução negociada, e a China recorreu ao diálogo, pedindo "medidas construtivas" para o Irã e paciência para os Estados Unidos e seus aliados. No mês passado, um alto legislador iraniano informou que o parlamento estava se preparando para debater uma possível saída do Tratado de não-proliferação Nuclear caso o CS adotasse uma resolução para forçar Teerã a suspender o enriquecimento de urânio.

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