O Ministério de Assuntos Exteriores iraniano promoveu nesta terça-feira, 26, uma conferência sobre a América Latina na capital, Teerã, para ?a intensificação dos laços entre o Irã e os países latino-americanos, baseados no respeito mútuo e na justiça?, segundo um comunicado do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, lido pelo ministro do Exterior, Manuchehr Mottaki. Apesar de a Venezuela ser o país mais mencionado em praticamente todos os discursos de autoridades iranianas, por causa das relações políticas próximas entre os dois países, o Brasil também foi lembrado na conferência, especialmente em seus eventos paralelos, como um seminário sobre relações comerciais realizado na segunda-feira. ?Os iranianos tinham um discurso muito afinado com a Venezuela, por causa de toda a atitude antiamericana e antiimperialista. Mas agora, por causa do isolamento do Irã na comunidade internacional, eles tentam encontrar novos parceiros na América Latina e estão usando a Venezuela como ponte para isso?, avalia o segundo secretário da embaixada brasileira em Teerã, Felipe Flores Pinto. Parceria com o Brasil Pinto é também chefe do setor de promoção comercial da embaixada e fez um discurso para empresários iranianos na segunda-feira, mostrando o potencial de investimentos existente no Brasil. ?Na verdade, o foco na Venezuela é mais político, é retórica. Dos países latino-americanos, o Brasil é hoje o maior parceiro comercial do Irã e é responsável por 50% das importações iranianas?, disse. Segundo Pinto, 100% da carne bovina, da soja e do óleo de soja importados pelo Irã vêm do Brasil. ?No açúcar, a situação é ainda mais evidente: os iranianos importam metade do açúcar que consomem. Desse total, 75% vem do Brasil?, afirmou. O coordenador da conferência em Teerã, Akbar Ismail (Pur), disse que o principal objetivo do evento foi ?divulgar as possibilidades e as capacidades da América Latina à audiência iraniana?. Os iranianos já estariam percebendo o potencial do Brasil, na opinião do representante brasileiro. ?Existe um interesse genuíno no Brasil, principalmente por parte do setor privado, que tem muito dinheiro. Nos últimos seis meses o número de vistos do Irã para o Brasil praticamente dobrou e a maioria é para pessoas com interesses em negócios?, disse Pinto. ´Amigos independentes´ Além do aspecto comercial, o governo iraniano também aproveitou a conferência para promover o país politicamente entre os latino-americanos presentes no evento. Segundo Pur, ?o Irã é um país revolucionário e independente, assim como muitos países da América Latina?. ?Estamos buscando amigos independentes que queiram ter uma verdadeira relação longe de qualquer arrogância e domínio de alguns países ocidentais. Acho que a América Latina é um bom lugar para isso e para desenvolver a cooperação sul-sul.? Desde que tomou posse, o presidente Mahmoud Ahmadinejad tenta fortalecer as relações até então basicamente formais do Irã com a maioria dos países da América Latina e, na opinião de Pinto, ?surgiu a oportunidade de ocupar o espaço que os americanos deixaram no continente?. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>