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Irã recebe carta dos EUA apontando fim para ´disputa´

Porta-voz do Ministério do Exterior não revelou conteúdo da carta nem a identidade dos ´oficiais´ que a enviaram, mas disse que Teerã está ´estudando´ o material

Por Agencia Estado
Atualização:

Um porta-voz do ministro do exterior do Irã disse no domingo que Teerã recebeu uma carta dos Estados Unidos cujo conteúdo sugeria uma resolução à disputa entre os dois países. "A mensagem veio dos altos oficiais americanos", afirmou o porta-voz, Mahammad Ali Hosseini, a repórteres durante uma conferência na capital iraniana. "Na mensagem, (eles) querem finalizar o caso, o qual, infelizmente, tomou um rumo complicado devido a políticas dos EUA e de alguns outros países", disse Hosseini. Hosseini não revelou o conteúdo da carta tampouco a identidade dos "oficiais" que a enviaram, mas disse que Teerã está "estudando" o material. Aind assim, as palavras do porta-voz indicam que ele se referia à prisão de cinco iranianos na cidade de Irbil, na fronteira ao norte do Iraque, durante uma missão realizada no início do mês. Segundo o governo iraniano, os cinco eram diplomatas, mas Washington afirma que se tratavam de soldados da guarda revolucionária iraniana e foram presos sob protestos. A Casa Branca acusa o Irã de contribuir com a escalada do confronto iraquiano e apoiar os grupos insurgentes do país vizinho contra os EUA, fornecendo tecnologia e matérias primas para a fabricação de bombas. Esta semana, o governo americano autorizou o uso de mais força contra os iranianos no Iraque. Teerã negou qualquer interferência no Iraque ou seu possível fornecimento de armamentos para os terroristas. A imprensa do Irã relatou que na semana passada, cinco senadores americanos, incluindo o Chefe do Comitê de Relações Exteriores no Senado, o democrata Joseph Biden, enviaram uma carta a Teerã. Nem Teerã nem Washington comentaram o caso e sequer confirmaram a tal carta. Na semana passada, Biden enviou uma correspondência ao presidente dos EUA, George W. Bush, perguntando se o governo americano acredita que poderiam haver ataques contra o Irã ou a Síria sem a aprovação do Congresso. Conflito nuclear Um funcionário do programa nuclear do Irã negou no domingo um comunicado que afirmava que Teerã havia iniciado, no sábado, a instalação de 3 mil novas centrífugas de enriquecimento de urânio para a construção de bombas atômicas. Porém, o país afirma que seguirá adiante com seus planos de aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio, até agora limitada a duas séries experimentais de 164 centrífugas cada. O chefe da agência nuclear da ONU, Mohamed ElBaradei, disse durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, que ações militares contra instalações nucleares no Irã, um passo que Washington ainda não tomou, seriam loucura e que os dois lados têm que parar de medir forças e iniciar um diálogo direto. "O Irã precisa de tempo para analisar essa iniciativa (de um "intervalo") para ver se isso vai resolver a questão nuclear no Irã", disse o negociador chefe da república islâmica para a questão nuclear, Ali Larijani, ao ser questionado sobre a proposta de intervalo. O Ocidente acusa o Irã de tentar construir bombas atômicas, uma acusação que Teerã nega, afirmando que quer apenas produzir energia para fins pacíficos. O Irã e os EUA já não desfrutam de bons laços diplomáticos desde 1979 quando militantes seqüestraram um embaixador americano em Teerã e deixaram 52 reféns presos por 444 dias.

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