O Irã nunca renunciará ao que considera seu direito "inalienável" à energia nuclear para fins pacíficos, insistiu o chefe negociador iraniano, Saeed Jalili, em seu retorno sexta-feira à noite a Teerã após sua reunião com a comunidade internacional.
Em declarações aos jornalistas, o secretário do Conselho de Segurança iraniano qualificou de "construtivas as negociações porque se cimentaram na cooperação e no interesse mútuo".
Segundo Jalili, durante as mesmas o Irã "defendeu com decisão" seu direito a desenvolver um programa nuclear pacífico e em nenhum momento se colocou a possibilidade de renunciar ao enriquecimento de urânio.
Após 14 meses de interrupção, o negociador iraniano se sentou em Genebra com representantes de denominado grupo 5+1, integrado pelos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha para tentar recuperar o diálogo nuclear.
A reunião foi qualificada de bem-sucedida pelas duas partes, depois que acertaram um segundo encontro previsto para antes de terminar o presente mês.
Sobre a mesa estava o ceticismo após a denúncia uma semana antes, pelos Estados Unidos, de que o Irã constrói "de forma clandestina", sob uma colina perto da cidade de Qom, uma segunda fábrica de enriquecimento de urânio.
A este respeito, Jalili afirmou em seu retorno a Teerã que o Irã aceitou a reivindicação da comunidade internacional e abrirá a instalação às inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
"Dentro do marco da AIEA e do Tratado de Não-Proliferação, os inspetores serão autorizados a visitar a usina nuclear como já ocorreu com a de Natanz", confirmou o negociador iraniano.
Ele também assinalou que seu país aceitou, em princípio, uma proposta para enviar ao exterior parte de seu urânio empobrecido para que seja enriquecido.
Jalili argumentou que o Irã precisa de urânio enriquecido a 20% para alimentar um reator nuclear que produzirá isótopos médicos. Grande parte da Comunidade Internacional, com o grupo 5+1 na frente, acusa o regime dos aiatolás de esconder, sob seu programa nuclear civil, outro clandestino de aplicação militar cujo objetivo seria adquirir um arsenal atômico.