Irã deixará acordo nuclear se não houver ‘garantias reais’ dos países europeus, diz Khamenei

Aiatolá qualificou o anúncio de Trump como ‘tolo e superficial’; para presidente do Parlamento iraniano, líder dos EUA ‘não tem capacidade mental para lidar com adversidades’

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Por Redação
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TEERÃ - O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, exigiu nesta quarta-feira, 9, que os países europeus forneçam “garantias reais” para que Teerã permaneça no acordo sobre seu programa nuclear após a saída dos EUA, em uma decisão anunciada na véspera pelo presidente americano, Donald Trump.

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“Ele disse mais de 10 mentiras em sua declaração. Ameaçou o regime e as pessoas, dizendo que eu farei isso e aquilo. Sr. Trump, eu lhe digo em nome do povo iraniano: você cometeu um erro", afirmou Ali Khamenei Foto: Office of the Iranian Supreme Leader via AP

Em discurso televisionado, Khamenei se dirigiu aos defensores do pacto, como o presidente iraniano, Hassan Rohani, e afirmou que “se não houver uma garantia definitiva - e realmente duvido que haja - não poderemos seguir assim”.

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O aiatolá ressaltou ainda que o anúncio de Trump é “tolo e superficial”. “Ele disse mais de 10 mentiras em sua declaração. Ameaçou o regime e as pessoas, dizendo que eu farei isso e aquilo. Sr. Trump, eu lhe digo em nome do povo iraniano: você cometeu um erro.”

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Para o presidente do Parlamento do Irã, Ali Larijani, o líder americano não está apto para o seu cargo. “Trump não tem capacidade mental para lidar com adversidades”, disse ele à assembleia em discurso ao vivo na TV estatal.

Membros do Parlamento queimaram uma bandeira de papel dos EUA e uma cópia simbólica do acordo iraniano, conhecido oficialmente como Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA, na sigla em inglês), no início da sessão. Eles também gritaram “morte à América”.

“O abandono por Trump do acordo nuclear foi um show diplomático. O Irã não tem obrigação de honrar seus compromissos sob a situação atual”, disse Larijani. “É óbvio que Trump só entende a linguagem da força.”

Ásia

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O governo da China pediu nesta quarta-feira a manutenção do acordo, lamentando a decisão de Trump.

Pequim, um dos signatários do pacto de 2015, "pede a todas as partes que atuem de forma responsável para retornar o mais rápido possível ao respeito a um acordo que contribui para preservar a paz no Oriente Médio", afirmou Geng Shuang, porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores.

O presidente americano retirou os EUA do pacto na terça-feira, levantando o risco de um conflito no Oriente Médio, além de irritar aliados europeus e provocar incertezas em relação à oferta global de petróleo. / AFP e REUTERS

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