
06 de outubro de 2017 | 13h33
TEERÃ - A diplomacia do Irã deu sinais às seis potências responsáveis pelo acordo nuclear assinado em 2015 que aceita discutir uma diminuição de seu programa de desenvolvimento de mísseis balísticos para manter o pacto. A informação, divulgada pela agência Reuters, vem a público um dia depois de a imprensa americana noticiar que presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recusará a certificação do acordo, apesar de Teerã cumpri-lo.
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Segundo fontes do governo iraniano e países ocidentais, a oferta ocorreu durante a Assembleia-Geral da ONU, no mês passado, em Nova York, e foi feita pelo chanceler Mohamed Zarif a representantes do grupo dos seis (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China).
Fontes americanas não confirmam se Zarif fez diretamente a oferta ao secretário de Estado Rex Tillerson quando ambos se encontraram na ONU, mas reconhecem contatos feitos por emissários iranianos, principalmente o sultanato de Omã.
A oferta, segundo a Reuters, consistiria num “redimensionamento” do programa balístico do país, que, segundo a Casa Branca, fere “o espírito” do acordo nuclear. Trump frequentemente diz que o acordo assinado por Obama, que colocou fim a mais de uma década de impasse nuclear com o Irã, é “ruim".
Caso o presidente recuse certificá-lo, a decisão caberá ao Congresso. Países europeus criticam as ameaças do Irã em abandonar o acordo, que consideram crucial para a estabilidade do Oriente Médio. Apenas Israel, cujo premiê Binyamin Netanyahu vê Teerã como uma ameaça, respalda o republicano.
“Os americanos expressaram preocupação com a capacidade balística do Irã e Zarif respondeu que isso poderia ser negociado”, disse uma fonte da chancelaria iraniana à Reuters. “Zarif sabe que se Trump for adiante os Estados Unidos vão se isolar.”
Autoridades americanas que acompanham as negociações disseram que as ofertas “estavam adormecidas há algum tempo”.
A chancelaria do Irã não comentou a reportagem, tampouco o Departamento de Estado. / REUTERS
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