Iraniano não quer recorrer de sentença de morte

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Por Agencia Estado
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Um professor universitário sentenciado à morte por ter sido considerado culpado de insultar o Islã recusa-se a apelar da condenação, desafiando o Poder Judiciário dominado por clérigos conservadores a seguir em frente e executá-lo, informou seu advogado. Saleh Nikbakht, advogado do professor Hashem Aghajari, revelou: "Meu cliente escreveu proibindo-me de apelar da sentença." Em sua carta, Aghajari escreve: "Eu deveria ter morrido quando perdi minha perna defendendo meu país (durante a Guerra Irã-Iraque, entre 1980 e 1988), mas passei mais duas décadas vivo. Se a sentença de morte for verdadeira, deixe que eles a conduzam. Se ela estiver errada, o Judiciário terá, então, de corrigir seus defeitos." Segundo Nikbakht, o sentenciamento teve motivação política. Em seus primeiros comentários sobre o caso, o presidente reformista do Irã, Mohammad Khatami, saiu em defesa do professor Aghajari nesta quarta-feira. Segundo o chefe de Estado, um veredicto como este "nunca deveria ter sido emitido". Ele pediu que o caso seja "resolvido de uma maneira favorável a que se evitem problemas" no país. "Nas atuais circunstâncias, nenhuma medida que promova tensão deveria ser adotada", disse Khatami, após uma reunião de gabinete, informou a televisão estatal iraniana. Khatami qualificou a sentença como incorreta, e declarou: "Pessoalmente, eu não aceito decisões como esta. Quando se fala em crenças e ideais, um veredicto não pode ser emitido, especialmente contra uma pessoa com a ficha limpa." A pena de morte transformou-se num foco de disputa entre os conservadores, que controlam o governo islâmico do país, e os reformistas, que lutam pelo relaxamento das restrições sociais e políticas impostas à população. Hoje, estudantes voltaram às ruas pelo terceiro dia consecutivo para protestar contra o veredicto. As manifestações também prosseguiam no interior das universidades de Teerã.

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