BAGDÁ - Iraque e Arábia Saudita reabriram nesta quarta-feira, 18, seu principal posto de fronteira, Arar, que permaneceu fechado por 30 anos. A reabertura é um novo marco nas relações diplomáticas entre Riad e Bagdá, retomadas oficialmente em 2017, e deve favorecer às relações comerciais entre os dois países.
A fronteira estava fechada desde 1990, quando Saddam Hussein invadiu o Kuwait e a Arábia Saudita rompeu os laços diplomáticos com o Iraque. Apenas em 2017, cerca de 15 anos após a queda do ditador, as relações foram retomadas. Até agora, Arar estava aberto apenas para permitir a passagem de peregrinos iraquianos a caminho de Meca.
O objetivo da reabertura do posto de Arar, na província de Anbar, cercada a oeste pela Jordânia e a sul pela Arábia Saudita, é permitir a passagem de mercadorias e pessoas e criar uma nova porta de entrada para as importações, numa tentativa saudita de se recolocar no mercado iraquiano.
Atualmente, o Iraque atravessa uma crise industrial e agrícola, tendo o mercado inundado por produtos turcos e iranianos - este último, segundo fornecedor comercial do país.
Durante a reabertura do posto, nesta quarta-feira, modestas filas de caminhões aguardavam a cerimônia diplomática entre as autoridades dos dois países em ambos os lados da fronteira.
As condições políticas para a reabertura são favoráveis. Apesar da Arábia Saudita ser uma monarquia sunita, ao passo que o Iraque é governado apenas por xiitas desde a queda de Saddam, premiê iraquiano, Mustafa al-Kazimi, é amigo pessoal do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed Bin Salman.
Os dois países também estão tentando reabrir um segundo posto de fronteira, o Al-Jemayma, menos importante e localizado no sul do Iraque.
Grupos pró-Irã protestam
A decisão de reabertura da fronteira provocou reação de grupos pró-Irã que mantém influência na política iraquiana.
Um dos novos grupos, chamado de "Ashab al-Kahf", condenou duramente esta reaproximação com a Arábia Saudita, apontando o país vizinho como um "inimigo".
Os pró-Irã acusam Riad de querer "colonizar" o Iraque, sob o pretexto de investimento e comércio.
"Deixe-os investir! Bem-vindos ao Iraque!", respondeu em uma conferência de imprensa na noite de terça-feira, 17, o primeiro-ministro Kazimi.
"Os acordos com a Arábia Saudita vão criar milhares de empregos", acrescentou, o que seria um alívio em um país que paga seus funcionários com várias semanas de atraso todos os meses, já que a falta de recursos é dramática./ AFP