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Iraque entra na rota do turismo de aventura

Grupo de ocidentais ignora riscos e realiza primeiro tour

Por Campbell Robertson e NYT
Atualização:

Jo Rawlins Gilbert, uma aposentada de 79 anos da Califórnia, é uma turista com histórico respeitável. Primeiro, Grã-Bretanha. Depois, o restante da Europa. Por fim, ela e o marido, que morreu em 2004, foram ao Tibete quando ele fez 80 anos. Já com idade avançada, ela se tornou uma aventureira, tendo visitado Síria, Iêmen, Bósnia e até Afeganistão. O que poderia superar isso? Bem, ali estava ela no saguão de um hotel de Bagdá, encerrando um tour de 17 dias por um dos destinos mais perigosos do mundo. É discutível se o Iraque pode ser descrito como aberto. Mas Rawlins é membro de um grupo - na maioria pessoas idosas e de meia-idade, quase todos solteiros - que tem a honra de estar no primeiro tour oficialmente sancionado de ocidentais pelo Iraque desde 2003 (sem considerar o enclave mais seguro do Curdistão). Seu guia é Geoff Hann, de 70 anos, dono da Hinterland Travel, uma empresa britânica especializada em viagens de aventura. A viagem foi bem menos perigosa do que a maioria esperava. Na sexta-feira à noite, um casal de britânicos grisalhos comprou cerveja Heineken gelada no centro de Bagdá e caminhou para casa no escuro. O Ministério do Turismo e Antiguidades, que ajudou a organizar o tour, ofereceu guardas armados para a viagem, mas Hann disse que eles eram restritivos demais. Assim, o grupo foi levado num miniônibus com pouca ou nenhuma segurança. Eles estiveram na Babilônia e em Basra, Ur e Uruk, nos santuários xiitas de Kerbala e Najaf, lugares onde, não faz muito tempo, qualquer visita dispensaria a passagem de volta. O Iraque está bem mais estável e seguro do que estava dois anos atrás. Mas os episódios diários de violência continuam (mais informações no box). Quase todos no grupo de oito pessoas estiveram no Afeganistão. É quase impossível fazer um seguro, que não é fornecido pela companhia. Por isso, os turistas dessas viagens de aventura geralmente são pessoas mais velhas, pois, segundo Hann, elas já não têm muito o que temer. O mais novo é David Chung, de 36 anos, vice-presidente de uma empresa de gestão de ativos em Manhattan. Chung já esteve em Argélia, Nepal, Sri Lanka, Arábia Saudita, Sudão, Eritreia, Paquistão - e a lista continua. "Tiro minhas melhores ideias de viagens da lista de advertência sobre países em risco preparada pelo Departamento de Estado", disse.

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