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Iraque fecha as fronteiras com Irã e Síria

Washington acusa a Síria de permitir que combatentes estrangeiros cruzem sua fronteira em direção ao Iraque e diz que o Irã fornece armas a insurgentes

Por Agencia Estado
Atualização:

O Iraque fechou suas fronteiras com o Irã e a Síria na quinta-feira, dia em que soldados norte-americanos e iraquianos intensificaram as operações de segurança em Bagdá, montando mais postos de controle nos quais até mesmo comboios oficiais eram parados e revistados em busca de armas. Uma autoridade do Ministério do Interior, que não quis ter sua identidade revelada, disse que os quatro postos de fronteira com o Irã e os dois postos com a Síria haviam sido fechados na quarta-feira. Há bastante tempo, autoridades dos EUA acusam a Síria de permitir que combatentes estrangeiros cruzem sua longa e porosa fronteira com o Iraque. E, no final de semana, essas mesmas autoridades apresentaram provas da existência de supostas armas fabricadas no Irã e contrabandeadas para dentro do território iraquiano. "O plano de fechar as fronteiras entrou em vigor na noite passada. Muitos postos (de fronteira) foram fechados, mas não posso afirmar com certeza que todos foram fechados", disse à Reuters o tenente-coronel Christopher Garver, porta-voz das Forças Armadas dos EUA. Nem o governo iraniano nem o governo sírio confirmaram a informação. Os dois países negam alimentar a situação caótica instalada no Iraque. O governo iraquiano afirmou que fecharia as fronteiras por 72 horas. Segundo declarações dadas pelos militares dos EUA na quarta-feira, o objetivo da medida era sufocar o fluxo de armas e de combatentes estrangeiros. A manobra apareceu enquanto milhares de soldados norte-americanos e iraquianos intensificavam uma ofensiva realizada em Bagdá, epicentro da violência sectária que opõe sunitas e xiitas e que ameaça atirar o país em uma guerra civil descontrolada. Especialistas em questões militares afirmam que muitos milicianos, evitando entrar em confronto com as forças dos EUA e do Iraque, devem ficar escondidos ou permanecer longe de Bagdá enquanto a operação continuar. Na última semana, um número menor de integrantes da milícia Exército Mehdi, do clérigo radical Moqtada al-Sadr, pôde ser visto nas ruas da favela Sadr City, em Bagdá, reduto do grupo. Vários comandantes da milícia já teriam abandonado a cidade a fim de evitar serem presos. Os EUA disseram que o Exército Mehdi é a maior ameaça à estabilidade do Iraque, e centenas de integrantes da milícia já foram detidos. Militares norte-americanos e autoridades iraquianas afirmaram que o próprio Sadr havia deixado o Iraque antes da operação de segurança. Mas o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, disse que o clérigo continuava no país. Segundo o principal porta-voz das Forças Armadas dos EUA no Iraque, major-general William Caldwell, os postos de fronteira devem ser reformados para permitir que veículos sejam revistados em "pontos de transferência". Os militares norte-americanos disseram na semana passada que a operação de segurança em Bagdá já estava sendo realizada, mas os moradores da cidade não notaram isso claramente até quarta-feira, quando os postos de controle começaram a se espalhar pela capital. A Operação Impondo a Lei vem sendo descrita como o derradeiro esforço para pacificar a cidade. Autoridades xiitas avisaram que o eventual fracasso dela poderia significar o colapso do atual governo iraquiano, comandado por xiitas. O presidente dos EUA, George W. Bush, deve enviar ao Iraque mais 17 mil soldados para participarem da operação.

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