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Iraque inicia operação para libertar Mossul do Estado Islâmico

Segunda maior cidade do país está nas mãos dos jihadistas desde junho de 2014 e sua retomada é considera decisiva para enfraquecer o grupo; cerca de 30 mil combatentes, incluindo membros polícia, Exército iraquiano, peshmergas curdos e milícias sunitas e xiitas, participam da ação

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Por Redação
Atualização:

BAGDÁ - As forças iraquianas iniciaram nesta segunda-feira, 17, uma ofensiva para reconquistar a cidade de Mossul, a segunda mais importante do país e reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no no país, uma batalha que o governo dos Estados Unidos considera decisiva na luta contra os extremistas.

Após o anúncio do início da ofensiva, a ONU expressou uma profunda preocupação com a segurança de 1,5 milhão de civis que vivem em Mossul, cidade isolada do mundo. "Algumas famílias enfrentam um risco extremo de ficar no meio do fogo cruzado ou de se tornarem alvos de franco-atiradores", advertiu o vice-secretário-geral para Assuntos Humanitários e Assistência de Emergência da ONU, Stephen O'Brien.

Forças iraquianas avançam em direção a Mossul em operação para retomar a segunda maior cidade do país do EI Foto: AFP PHOTO / AHMAD AL-RUBAYE

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O primeiro-ministro iraquiano, Haider Abadi, anunciou o início da operação em um discurso exibido na televisão. "O tempo da vitória chegou e as operações para libertar Mossul começaram", declarou o chefe de Governo. "Hoje declaro o início das operações vitoriosas para libertá-los da violência e do terrorismo do Daesh", acrônimo árabe de Estado Islâmico (EI), completou Abadi, em uma frase dirigida aos moradores da região de Mossul.

Após o anúncio, uma coluna de veículos blindados iniciou o avanço para Mossul, a partir de uma posição a 45 km da grande cidade do norte do Iraque. Mossul, que fica às margens do rio Tigre e tem população majoritariamente sunita, caiu em poder do Estado Islâmico em 9 junho de 2014.

Em 29 de junho de 2014, o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou na grande mesquita de Mossul o Califado Islâmico nos territórios conquistados pelos extremistas no Iraque e na Síria durante campanhas relâmpago em 2014 e 2015.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter, afirmou que as operações para recuperar Mossul são fundamentais para derrotar o Estado Islâmico. "Este é um momento decisivo para infligir uma derrota duradoura ao EI", destacou Carter em um comunicado. "Confiamos que nossos aliados iraquianos conseguirão impor-se ao nosso inimigo comum e libertarão Mossul e o resto do Iraque do ódio e da brutalidade do EI."

Longa batalha. O primeiro-ministro Abadi não revelou detalhes sobre as operações militares iniciadas na madrugada de domingo para segunda-feira, mas de acordo com analistas a primeira etapa consistirá, antes dos combates nas ruas, em cercar completamente a cidade.

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Os jihadistas em Mossul, entre 3,5 mil e 4 mil, estão fortemente armados e tiveram tempo suficiente para preparar a defesa da cidade. A ofensiva pode demorar semanas, ou até mais, de acordo com o comandante da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, o tenente-general americano Stephen Townsend.

"A batalha se anuncia longa e difícil, mas os iraquianos se prepararam e nós estaremos a seu lado", completou. Abadi explicou no discurso que apenas a polícia e o Exército iraquiano entrarão em Mossul, apesar de numerosas forças de segurança - estimadas em 30 mil combatentes - participarem na ofensiva, incluindo peshmergas curdos e milícias sunitas e xiitas.

Os sunitas, minoria em um Iraque de maioria xiita, temem as consequências da entrada na cidade das milícias paramilitares xiitas Hachd al-Shaabi (Unidades de Mobilização Popular), apoiadas pelo Irã.

Milhares de combatentes curdos iraquianos avançavam nesta segunda-feira em direção a localidades controladas pelo EI ao leste de Mossul. No monte Zardak, um fotógrafo da AFP observou combatentes curdos com peças de artilharia.

De acordo com o comando geral curdo, o avanço de suas forças foi coordenado com as forças iraquianas, que avançam pelo lado sul de Mossul. A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos fornece cobertura aérea e apoio terrestre com conselheiros e forças especiais.

A Turquia, que tem uma longa fronteira com o Iraque ao norte, ofereceu apoio para a conquista de Mossul, apesar da tensão registrada entre os dois países nas últimas semanas. Como preparação da ofensiva, a Força Aérea iraquiana lançou milhares de panfletos em Mossul para anunciar as operações e dar instruções de segurança aos moradores.

Antes do início da ofensiva, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez um apelo à coalizão para tentar evitar ao máximo as vítimas civis. "Esperamos que nossos sócios americanos, e também franceses, atuem com precisão e façam todo o possível para minimizar, e melhor ainda, excluir qualquer vítima civil", disse Putin durante uma entrevista na Índia.

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As declarações de Putin foram feitas em meio à polêmica com os países ocidentais que acusam a Rússia de cometer "crimes de guerra" contra os civis na zona leste de Alepo, a área da grande cidade do norte da Síria controlada pelos rebeldes, submetida a intensos bombardeios do regime sírio e da Rússia.

Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, garantiu que seu país participará da ofensiva contra o EI em Mossul, mesmo sem a anuência das forças iraquianas, porque o grupo jihadista representa uma ameaça para o seu país.

"Nos disseram para não entrarmos em Mossul. Mas compartilhamos (com o Iraque) uma fronteira de 350 quilômetros. Como não vamos entrar? Estamos sob ameaça", afirmou Erdogan em discurso transmitido pela emissora NTV. 

"Não seremos responsáveis pelos resultados que podem surgir se a Turquia não for parte desta operação. Participaremos e ajudaremos na mesa de negociações", completou Erdogan. / AFP, REUTERS e AP