Iraque mantém mais de 1,2 mil supostos extremistas presos em ‘condições terríveis’, diz organização
Relatório da Human Rights Watch aponta que os detidos, incluindo jovens de 13 anos, têm acesso limitado a cuidados médicos
Por Redação
Atualização:
BAGDÁ - O Ministério do Interior iraquiano mantém detidos em "condições terríveis" no sul de Mossul mais de 1,2 mil homens e rapazes suspeitos de terem ligações com grupos extremistas islâmicos, sem acusações contra eles, denunciou nesta terça-feira, 14, a organização Human Rights Watch (HRW).
As forças iraquianas combatem os extremistas do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) para reconquistar a segunda maior cidade do Iraque, Mossul. Depois da reconquista do leste, elas lançaram uma ofensiva para retomar a zona oeste, mais densamente povoada.
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Milhares de pessoas fugiram do oeste de Mossul desde o dia 25 de fevereiro, de modo que as forças de segurança buscam combatentes do EI que tentam escapar ao cerco escondendo-se entre os civis.
"O Ministério do Interior do Iraque mantém em detenção pelo menos 1.269 pessoas, incluindo jovens de apenas 13 anos, sem acusação e em condições terríveis, com acesso limitado a cuidados médicos em prisões improvisadas", aponta um relatório da organização.
"Pelo menos quatro prisioneiros morreram, em casos que parecem estar ligados à falta de atenção médica e condições (de detenção), e dois prisioneiros tiveram as pernas amputadas, aparentemente por falta de cuidados dos ferimentos que poderiam ter sido tratados", afirmou HRW.
O porta-voz do Ministério disse que não poderia comentar o relatório antes de discuti-lo com as autoridades.
As prisões em questão estão localizadas em Qayara e Hamam al-Alil, segundo a Human Rights Watch, que visitou algumas delas este mês.
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Civis iraquianos fogem de conflito em Mossul
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A organização ressaltou que essas prisões improvisadas estão sob controle do serviço de inteligência do Ministério do Interior, que interroga os prisioneiros capturados pelas forças de segurança que lutam contra o EI.
O Iraque está sob pressão para melhorar os seus procedimentos na operação de Mossul, depois que casos de tortura e outros abusos foram denunciados durante a ofensiva em Fallujah, que as forças de Bagdá retomaram do Estado Islâmico em 2016. / AFP