Iraque promete ação depois de explosão que matou 135 civis

Segundo uma fonte do governo, o Iraque "está determinado a livrar-se dos terroristas e foras da lei. O ataque de ontem é apenas mais uma evidência de sua maldade"

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo do Iraque renovou neste domingo, 4, a promessa de reprimir terroristas depois que um enorme caminhão-bomba matou no sábado 135 pessoas em uma área de maioria xiita, em Bagdá. O ataque de sábado foi um dos piores em número de mortos desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003. A explosão abalou até mesmo os iraquianos acostumados à violência que ameaça afundar o país em uma guerra civil total. Em novos atos de violência, uma série de bombas e disparos matou 16 pessoas em Bagdá neste domingo, disseram a polícia e moradores. Cerca de 1.000 pessoas foram mortas no Iraque na última semana, em ataques suicidas, tiroteios e conflitos entre forças de segurança e insurgentes, de acordo com número compilados pela agência de notícias Reuters a partir de fontes oficiais. "O que fizemos?", disse um idoso, chorando na frente de lojas e casas destruídas no mercado de Sadriya, neste domingo. Equipes de resgate procuravam por mais corpos em meio aos destroços manchados de sangue. Uma escavadeira foi levada para retirar os escombros do que sobrou de prédios de três andares. O primeiro-ministro do Iraque, o xiita Nuri al-Maliki, atribuiu a explosão a simpatizantes de Saddam Hussein e outros militantes sunitas. "O governo está determinado a livrar-se dos terroristas e foras da lei. O ataque de ontem (sábado) é apenas mais uma evidência de sua maldade," disse uma fonte do governo. O gabinete de Maliki disse em comunicado no final do sábado, referindo-se aos terroristas, que o governo "cortará suas raízes, suas fontes e seus simpatizantes." Decepção Em janeiro, o primeiro-ministro prometeu lançar uma ação na capital para acabar com os insurgentes que desafiaram as tentativas do seu governo de assumir o controle da segurança, mas ela ainda não começou. Campanhas similares deste tipo fracassaram no passado. O presidente dos EUA, George W. Bush, está mandando mais 21.500 soldados para o Iraque, a maioria para uma ofensiva em Bagdá, apesar da oposição que sofre entre os norte-americanos, principalmente democratas que controlam as duas câmaras do Congresso. Os iraquianos comuns estão decepcionados com as ações do governo para conter a violência. Xiitas de Sadriya disseram que a milícia Exército Mehdi, controlada pelo clérigo antiamericano Moqtada al-Sadr, deveria tomar o controle da segurança. "Estamos fartos com o fracasso do governo em nos proteger. Depois de quatro anos, nosso sangue ainda está correndo", disse Abu Sajad, 37, que vive em Sadriya. O Pentágono afirmou que o Exército Mehdi representa uma ameaça maior à paz no Iraque do que a Al-Qaeda, sunita. Sadr é um aliado político importante de Maliki. Mais de 300 pessoas ficaram feridas na explosão em Sadriya. Uma fonte do Ministério do Interior disse que a nova ofensiva em Bagdá deveria concentrar-se nas vias em direção à capital e principalmente em caminhões. A ofensiva planejada em conjunto por forças dos EUA e do Iraque na capital é considerada um último esforço para conter a violência entre a minoria sunita e a maioria xiita, que domina a política. Críticos de Maliki dizem que uma ofensiva realizada no último verão fracassou porque o Exército iraquiano comprometeu poucas tropas e relutou confrontar o Exército Mehdi.

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