Iraque resiste a avanço anglo-americano no sul

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Por Agencia Estado
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Embora estejam se aproximando a passos acelerados do núcleo das defesas iraquianas, depois de cruzar o rio Eufrates e tomar o caminho de Bagdá neste sábado, as tropas anglo-americanas não deixaram de encontrar resistência nas estratégicas cidades de Basra e Umm Qasr, no sul do país. Prestes a tomar Basra, e depois de ocuparem o aeroporto e uma ponte local, as tropas não entraram na cidade, anunciou o chefe das forças dos EUA, general Tommy Franks na primeira entrevista em que fez o balanço da guerra. "Esta guerra é de liberação, não de ocupação", justificou Franks. "Nossa intenção é não criar confrontos nesta cidade... Antes, esperamos trabalhar com Basra e seus cidadãos do mesmo modo, acredito, do que aconteceu em Umm Qasr". Bagdá foi bombardeada neste sábado durante o dia. No início da noite, e já na madrugada (hora local) de domingo, a capital iraquiana foi alvo de novas rodadas de ataques, mais intensos, da aviação e de mísseis lançados de porta-aviões. Quase ao mesmo tempo, sirenes e disparos de artilharia antiaérea foram ouvidos também em Mosul, no norte do país. A TV a cabo Sky, dos EUA, informou que quatro soldados americanos foram mortos por tropas iraquianas no centro do Iraque. Em Basra, as tropas dos EUA e Grã-Bretanha controlam a refinaria da cidade e um aeroporto na localidade periférica de Az-Zubayr, onde há forte presença das forças de segurança iraquianas. O ministro da Defesa britânico, Geoff Hoon, disse em Londres que as tropas iraquianas se haviam retirado de Basra, mas membros das forças de segurança do presidente Saddam Hussein continuavam resistindo. Houve combates nas imediações dessa cidade, de acordo com as agências de notícias. Na sexta-feira, de 8 mil a 10 mil homens da 51.ª Divisão iraquiana, que defendia Basra, se renderam. A agência iraniana de notícias Irna noticiou, citando como fontes grupos xiitas de oposição ao regime de Saddam Hussein, que um comandante da 5.ª divisão de infantaria iraquiana e "muitos de seus soldados" também se renderam ontem a milícias do Partido Democrático do Curdistão, em Arbill, no norte do país. A notícia não foi confirmada. Essa divisão se distribui ao longo da divisa entre as áreas curdas e o restante do território iraquiano. Porta-vozes militares dos dois países anunciaram como um grande progresso ontem a captura de Nasiriya, cidade mais de 100 mil habitantes, localizada a noroeste de Basra, pois a captura vai acelerar o avanço em direção à capital, Bagdá. "Nasiriya caiu", disse um assessor do Comando Central dos EUA, baseado no Catar, acrescentando que suas forças asseguraram o controle de uma ponte sobre o Rio Eufrates, a oeste da cidade, o que facilitará o avanço em direção a Bagdá. Os militares americanos, no entanto, admitiram que suas tropas avançadas encontraram, em outros pontos de acesso à cidade, uma resistência mais forte do que esperavam. Mas o ministro da Informação do Iraque, Mohammed Said al-Sahaf, deu uma entrevista à imprensa em Bagdá negando os avanços de britânicos e americanos, bem como a rendição de milhares de soldados. "Eles não ocuparam nada. Isso é parte de sua propaganda psicológica idiota para enganar a mídia e a opinião pública", sustentou. As forças iraquianas também estavam reposicionando suas plataformas de lançamento de mísseis terra-terra no sul do país para permitir ataques contra as tropas americanas que marcham na direção de Bagdá, informou hoje o jornal The New York Times, citando fontes militares dos EUA. Segundo essas mesmas fontes, desde o começo da guerra o Iraque já lançou seis mísseis Ababil-100 contra os soldados da coalizão que avançam no sul, a partir do Kuwait. Quatro deles foram interceptados por mísseis antimísseis Patriot. De acordo com relatos de repórteres que acompanham as forças americanas e britânica, uma coluna avançada da coalizão estava hoje a menos de 200 quilômetros de Bagdá, deslocando-se a aproximadamente 50 quilômetros por hora - uma velocidade alta para um comboio de veículos militares avançando em formação. A TV iraquiana informou hoje à noite que tropas do Iraque estavam combatendo forças inimigas em Najaf, a 160 quilômetros de Bagdá. As autoridades iraquianas disseram também ter rechaçado o avanço de tropas da coalizão em Basra, Nasiriya, Rumaila e Al-Samawah. Pela primeira vez, um bombardeio sobre a capital iraquiana começou em plena luz do dia - antes, os ataques só tinham começado durante a noite e de madrugada. No entanto, a ofensiva foi bem menos intensa do que o devastador bombardeio da sexta-feira, que as forças americanas chamaram de "Dia A". Cinco grandes explosões ocorreram na periferia de Bagdá antes do pôr-do-sol de ontem, quando os ataques se intensificaram novamente. À noite, as sirenes de alerta que antecedem os bombardeios aéreos voltaram a soar na cidade. Algumas partes de Bagdá ficaram às escuras. As forças iraquianas atearam fogo no petróleo que havia sido despejado dias atrás nas trincheiras cavadas ao redor de Bagdá, com o propósito de desorientar a aviação anglo-americana, disseram fontes em Bagdá, de acordo com a TV árabe por satélite Al-Jazira. Ainda segundo a emissora, pelo menos 20 grandes colunas de fumaça negra se erguiam de vários pontos da cidade e de seus arredores. Veja o especial :

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