Iraque revisa relações com países que criticaram execução

Reação sobre morte de Saddam é ´interferência nos assuntos internos´, diz premier

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Por Agencia Estado
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O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, anunciou neste sábado que irá "revisar" as relações do País "com todos os Estados que não respeitaram a vontade do povo iraquiano" sobre a execução do ex-ditador Saddam Hussein. A ameaça foi realizada em cerimônia oficial nesta manhã organizada para celebrar os 86 anos da fundação do Exército do Iraque. "Rechaçamos e condenamos todas as reações, oficiais ou realizadas através dos meios de comunicação, realizadas por certos governos", disse Maliki. "Estamos estupefatos pelas reações de certos governos que choram a má sorte do déspota (Saddam) com o pretexto de que ele foi executado em um dia santo, enquanto ele sempre violou as festas santas de seu povo", afirmou o premier. "Acreditamos que se trata de uma flagrante interferência nos assuntos internos do Iraque e um insulto às famílias das vítimas", acrescentou. Execução O ex-ditador Saddam Hussein foi executado na forca em Bagdá em 30 de dezembro de 2006, após ser condenado pela morte de 148 adultos e crianças em uma comunidade xiita em 1982. O corpo de Hussein foi levado por um avião norte-americano para a cidade natal de Tikrit, onde foi entregue a líderes tribais e enterrado. Novo plano de segurança Al-Maliki informou neste sábado que tem um novo plano de segurança para acabar com a atividade dos insurgentes sunitas e as milícias xiitas em Bagdá, que será aplicado "com energia e utilizando todas nossas forças". Segundo o primeiro-ministro, o plano será aplicado pelas tropas do Iraque, apoiadas pelas forças americanas. Ele não esclareceu, no entanto, qual será o papel da polícia iraquiana no novo plano. Vários responsáveis iraquianos e americanos acusam os integrantes da polícia de conspirar com as milícias xiitas, que têm grande influência no governo de Maliki. O chefe do Executivo iraquiano rejeitou com veemência "a intervenção dos partidos políticos" na aplicação deste novo plano e acrescentou que "o governo defende interesses supremos do país". Maliki revelou que o plano de segurança afetará "todos os grupos que não respeitam a lei, sejam xiitas, sunitas ou laicos", e ameaçou punir qualquer responsável militar que "não cumprir as ordens ou que apoiar outras partes com fins partidários ou sectários". O novo plano prevê a divisão de Bagdá em nove áreas, e cada responsável militar terá "amplas competências" em sua área de influência. O primeiro-ministro reconheceu que a aplicação deste plano causará algumas complicações para os moradores de Bagdá, aos quais pediu todo apoio ao Exército iraquiano.

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