Iraquianos devem superar divergências para derrotar terror

Sucesso exigirá compromisso autêntico e um governo capaz de responder às necessidades

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Por JOE e BIDEN
Atualização:

Nos últimos meses o grupo radical Estado Islâmico (EI) capturou uma área significativa de território iraquiano, explorando as divisões sectárias e o descrédito dos políticos que debilitaram a força das tropas iraquianas. O EI pretende dilacerar o Iraque para ali criar um califado. Mas as comunidades iraquianas começaram a se unir para rechaçar os insurgentes. Como mais de 13 milhões de iraquianos foram às urnas em abril, apesar das ameaças do EI, foi nomeado um novo Parlamento e designado um novo premiê, Haider al-Abadi, que deve formar o novo governo. Essas medidas são importantes, pois mostram como os iraquianos começam a compreender que têm de transcender suas diferenças. E nesse momento conseguirão não apenas unir o Iraque, mas derrotar o EI. Mas mesmo se esse grupo não existisse, a sobrevivência do Iraque ainda dependeria da capacidade dos iraquianos de deixar de lado suas diferenças e se unir num esforço comum. A segurança do Iraque depende também do fim da alienação que alimenta os movimentos extremistas e de os iraquianos se convencerem de que suas necessidades devem ser atendidas por meio de um processo político, não pela violência. Nas últimas semanas o presidente Barack Obama conversou com Abadi e eu me encontrei com cada um dos líderes, novos e antigos, do Iraque. Ficamos entusiasmados com o fato de eles reconhecerem que os anos de impasse político e discórdia têm de acabar. Para o Iraque, esse sucesso exigirá um compromisso autêntico de todas as partes e um novo governo capaz de responder às necessidades de todas as comunidades iraquianas. Se isso não ocorrer, a intervenção externa não terá resultado. É por isso que a formação do governo é tão importante. Como primeiro ministro designado, Abadi está trabalhando para criar um novo gabinete de ministros e um plano de ação que estabelecerá o programa de trabalho do novo governo. Vimos insistindo para que os vizinhos do Iraque deixem de alimentar as divisões sectárias, que só beneficiam o EI. O trabalho do Iraque na área da segurança, como da política, precisa da energia e da cooperação de todas as comunidades. Este novo espírito de cooperação ficou evidente no norte do Iraque, onde forças curdas e iraquianas lutaram lado a lado para recapturar a barragem de Mossul do EI. Apesar do apoio dos EUA, esta operação não teria sucesso sem a cooperação entre os peshmergas e as forças iraquianas. Outra abordagem que vem surgindo é a do "federalismo operacional" com base na Constituição iraquiana, que garantiria um compartilhamento de receitas equitativo para todas as províncias e o estabelecimento de estruturas de segurança locais. Os EUA estão prontos para oferecer treinamento e outras formas de assistência. Mas no final caberá aos iraquianos definir seu futuro com base na sua Constituição. À medida que os iraquianos progredirem nesse sentido, estamos dispostos a aumentar nosso apoio à luta contra o EI. O grupo não é invencível. Sua ideologia é rejeitada por muitos iraquianos. Este movimento quer estabelecer a ordem não pelo consenso, mas pelo medo. Ele não tem nenhuma causa legítima e, como vimos na barragem de Mossul, quando sua força de combate diminuiu, ele pode ser rechaçado por forças locais sem ajuda de soldados americanos. Esta é uma luta que o Iraque, com ajuda dos EUA e do mundo, pode e precisa vencer. Para vencê-la precisaremos também dar um apoio constante a nossos parceiros na Jordânia, no Líbano e à oposição síria. À medida que os iraquianos começam a se unir, determinados a rechaçar o EI, estamos preparados para fazer o mesmo. Este é um desafio de longo prazo que nossos parceiros em todo mundo, com nosso apoio, devem enfrentar e vencer - começando no Iraque. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO É VICE PRESIDENTE DOS EUA

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