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Irlanda do Norte pode votar união à Irlanda em 2016, diz ministro

Martin McGuiness, líder de partido separatista, faz campanha pela separação da Grã-Bretanha

Atualização:

DUBLIN - O vice-ministro norte-irlandês e "número dois" do Sinn Fein, Martin McGuinness, acredita que a Irlanda do Norte poderá organizar um plebiscito em quatro anos para avaliar a adesão desta província britânica à República da Irlanda.

 

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Em entrevista publicada nesta segunda-feira, 30, no jornal The Examiner, o dirigente católico nacionalista, ex-comandante do já inativo Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês) durante o conflito na região, diz que não há "razão alguma" para que esta opção não seja considerada.

 

O objetivo do plebiscito é fazer com que os norte-irlandeses possam se pronunciar depois das eleições autônomas de "2015 e 2016", uma data de grande significado histórico para o Sinn Fein. Em 2016, o movimento político comemora o centenário da Revolta de Páscoa, uma sangrenta batalha que desencadeou na guerra de independência irlandesa contra o Reino Unido (1919-1921).

 

Londres assinou uma trégua com Dublin em 1921 e, dois anos depois, fundou o Estado Livre irlandês, embora o Governo britânico tenha deixado sob sua jurisdição seis dos nove condados que compõem a região do Ulster, origem do conflito que ainda afeta esta parte da ilha.

 

"O calendário me parece razoável. Trata-se de uma pergunta ao povo desses seis condados, saber se eles querem manter o vínculo com o que se chama de Reino Unido ou querer ser parte de uma Irlanda unida", explica McGuinness. O líder católico também disse que seus parceiros protestantes no governo autônomo norte-irlandês, o majoritário Partido Democrático Unionista (DUP), podem "persuadir" para que aceitem esta iniciativa.

 

Segundo os termos do acordo de paz da Sexta-Feira Santa (1998), mesmo se o pedido fosse feito, a última palavra teria que ser do Governo britânico, envolvido agora em uma disputa com os nacionalistas escoceses, que querem um plebiscito de independência para 2014.

 

Na opinião de McGuinness, a grave crise econômica e financeira que sofre a República da Irlanda não vai influenciar negativamente a criação desse plebiscito e, muito menos, a intenção dos eleitores de abandonarem a união com Londres.

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"Seria um erro pensar que as pessoas vão decidir seu futuro segundo com base em um período particularmente desastroso na gestão da economia pelo Governo de Dublin", assinala o vice-ministro principal. "A população tomará uma decisão que deve avaliar o 'potencial' que apresenta a reunificação irlandesa para a economia e para a estabilidade política", acrescenta.

 

Apesar dos analistas demográficos apontarem que nos próximos anos a população de origem católica deverá superar a de protestantes na Irlanda do Norte, McGuinness considera "demais sectário" esperar que o eleitorado se pronuncie atendendo as questões estritamente religiosas. 

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