Irlandeses rejeitam emenda que restringe aborto

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Por Agencia Estado
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Por uma margem mínima de votos, os eleitores irlandeses rejeitaram em referendo uma proposta de emenda às restritas leis antiaborto, aplicando uma derrota ao governo e à Igreja Católica. A emenda, conhecida como Lei de Proteção à Vida Humana na Gravidez - que previa a prática do aborto unicamente com o objetivo de salvar a vida da mãe -, foi rejeitada por 10.556 votos no total, com 629.041 pessoas dizendo "não" e 618.485 votando pelo "sim", segundo o responsável pelo referendo, Peter Green. O primeiro-ministro irlandês, Bertie Ahren, aceitou a derrota e disse que sua "tentativa honesta e genuína" para tornar as leis sobre o aborto mais claras "foi derrotada por uma estreita margem". "Estou decepcionado, mas sou um democrata", disse. Houve uma forte oposição à emenda nas áreas urbanas, particularmente na capital, onde reside uma terça parte da população. A medida foi apoiada nas áreas rurais e conservadoras, onde a Igreja Católica mantém uma influência considerável. Aproximadamente 42% dos quase 3 milhões de eleitores registrados participaram do referendo. O comparecimento de eleitores às urnas foi consideravelmente maior nas áreas urbanas. Ahren, que concorrerá à reeleição dentro de alguns meses, havia encabeçado juntamente com a igreja católica a campanha para a aprovação da emenda. A confusão sobre o impacto da reforma era evidente entre os ativistas contrários ao aborto. Enquanto alguns apoiavam a emenda, outros advertiram que a lei deveria ser mais restrita. A emenda derrotada previa a legalidade do aborto apenas se a vida da mãe corresse perigo. No entanto, anularia uma decisão do poder judiciário em 1992 autorizando o aborto também quando uma mulher ameaçasse cometer suicídio caso fosse obrigada a manter a gravidez. Ahren e os líderes eclesiásticos argumentavam durante a campanha que as mulheres poderiam ameaçar falsamente com o suicídio a fim de obter permissão para abortar. A derrota da medida implica que os legisladores enfrentarão uma renovada pressão para aprovar uma lei de acordo com a determinação emitida pela Corte Suprema em 1992. Em 1983, os eleitores aprovaram uma emenda constitucional antiaborto determinando que as mulheres grávidas e os embriões tivessem o mesmo direito à proteção legal. Nove anos depois, a Corte Suprema determinou que, considerando que a mãe e o embrião tinham o mesmo direito à vida os abortos deveriam ser legalizados na Irlanda quando a vida da mulher corresse perigo, incluindo o caso de ameaça de suicídio, a fim de evitar a morte de ambos.

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