Irmã de Fidel critica comemorações e fala do exílio

Em entrevista à BBC, Juanita Castro diz que não vê o irmão desde 1963 e que deseja uma Cuba mais democrática

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Por Agencia Estado
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Vivendo no exílio em Miami desde os anos 1960, Juanita Castro criticou as celebrações dos últimos dias entre a comunidade cubana na cidade americana após as notícias de que seu irmão, o presidente Fidel Castro, havia passado temporariamente o poder ao irmão Raúl após se submeter a uma cirurgia. Em uma entrevista exclusiva à BBC, Juanita - que não fala com o irmão há décadas - disse não ter detalhes sobre o estado de saúde de Fidel. ?Só sei que já não está sob cuidados intensivos?. O governo de Cuba vem mantendo um grande hermetismo em torno do estado de saúde de Fidel Castro. Leia a seguir a entrevista telefônica concedida por Juanita, de Miami: BBC - A sra. teve notícias de Cuba? Juanita - Sim, tive notícias nesta manhã de que (Fidel) já não está mais sob cuidados intensivos. Isso é a única notícia que tive, porque lá tudo é um segredo de Estado, mas eu digo que eu não tenho por que guardar segredo de Estado. Eu não sou o Estado nem acredito que isso afete a saúde nem nada parecido, com relação à situação que ele está enfrentando. Disseram isso para mim numa ligação telefônica que eu fiz, e eu confio na pessoa que me disse. BBC - Há quantos anos não vê a seu irmão? Juanita - Há muitos anos, desde 1963. Eu saí em 1964, mas não o vi mais. BBC - A sra. quando estava em Cuba já havia tomado uma posição política diferente. Há um conflito entre a política e a família? Juanita - Um conflito muito grave. Eu não sei se isso será uma doença da qual padecemos os latinos, se isso é normal, se somos diferentes do resto do mundo. Sempre temos que estar ligando a política com os laços familiares. Acho que os laços familiares, os laços de sangue, são muito fortes. Estão acima de toda a ideologia, acima de todo o pensamento. Esses laços familiares são levados até as últimas conseqüências. Eu acho que por um irmão em dificuldades seria capaz de qualquer coisa. Não me importa o abismo que haja desde o ponto de vista ideológico, desde o ponto de vista político. Preocupa-me seu estado de saúde. Lamento muito a situação que tem havido em Cuba em tantos anos de ditadura. Lamento muito que tenha sido ele o responsável por esta situação que tem sido vivida por tantos anos. Espero que se recupere, mas que deixe a Presidência, que deixe o posto que tem. Espero que o deixe nas mãos de outras pessoas. Queremos que o povo tenha mais liberdades, que o povo tenha mais oportunidades, que o povo possa se expressar livremente, o que é uma democracia genuína. Espero que possa ser assim o futuro não muito longínquo de meu país. BBC - A sra. acredita que aqui em Miami vão entender sua posição, de que por um lado é opositora política de Fidel Castro, mas por outro lado o estima como irmão? Juanita - Eu o estimo como irmão. É meu irmão, não posso negar isso. Preocupo-me com ele. Não me importa o que pensem os exilados. Esta é uma comunidade com muitos extremos. BBC - Expressar opiniões contrárias aqui em Miami deixa as pessoas expostas? Juanita - Sim, claro. Não te digo que te condenam, que te queimam em praça pública. Mas que venham me queimar em praça pública. Eu digo o que sinto, não devo nada a ninguém. Acho que as pessoas sensatas e honestas não vão me rechaçar nem me insultar. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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