Isolamento por pandemia fortalece contrabando nas fronteiras do Paraguai

Presidente do Congresso pede que medidas para que as cidades fronteiriças com Brasil e Argentina voltem a operar comercialmente; estimativa é de 20 mil comércios afetados pela crise

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Por Redação
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ASSUNÇÃO - O isolamento em razão da pandemia da covid-19 fez aumentar o contrabando na fronteira paraguaia com Brasil e Argentina, e o combate à ilegalidade na região deixou um militar morto no último fim de semana no Paraguai.

O presidente do Congresso, Oscar Salomón, pediu a implementação de medidas urgentes para que as cidades fronteiriças operem comercialmente com normalidade. "As medidas precisam entrar em vigor o quanto antes. Temos que reativar o comércio", declarou Salomón, após participar de uma cúpula dos chefes dos poderes do Estado no Palácio do Governo.

Paraguaios fazem fila em comércio em Assunção Foto: Nathalia Aguilar/EFE

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Salomón estimou em 20 mil o número de comércios afetados somente em Ciudad del Este, localizada 330 km ao leste de Assunção, na tríplice fronteira com Foz do Iguaçu, no Paraná, e Puerto Iguazu, na Argentina.

Manifestações de associações de comerciantes, vendedores ambulantes e taxistas, entre outros, vêm se multiplicando na ponte da Amizade que une Ciudad del Este com Foz do Iguaçu.

Um confronto a tiros com contrabandistas na sexta-feira 17 resultou na morte de um militar, baleado na cabeça. "Estamos tendo um surto social de consequências imprevisíveis", declarou a jornalistas o senador Arnaldo Franco, do partido Colorado, na terça-feira 21. 

A busca pelos criminosos em um bairro pobre de Ciudad del Este, conhecido como Villa Kuwait, resultou na prisão de 35 pessoas. Vários deles denunciaram torturas e maus-tratos por parte das autoridades, o que levou à troca do comandante do batalhão local, na segunda-feira 20.

Contrabando

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Através da Villa Kuwait, e de outras dezenas de portos clandestinos, são contrabandeados produtos eletrônicos, cigarros e até drogas e armas, de acordo com a polícia local.

A suspensão do comércio obrigou o governo paraguaio a negociar com o Brasil a venda de mercadorias sob um sistema de "delivery", modalidade que entrou em vigor na terça-feira na cidade de Pedro Juan Caballero, 550 km ao nordeste da fronteira seco com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.

Presidente paraguaio, Mario Abdo Benitez (C), monitora presença de militares na fronteira com o Brasil Foto: EFE/EPA/Presidency of Paraguay

Ao problema com o comércio soma-se a quantidade inusitada de repatriados que esperam entrar no Paraguai oriundos dos países vizinhos, impedidos por protocolos de prevenção contra o coronavírus. 

"O governo analisa a entrada de pessoas de maneira seletiva e injusta", criticou o líder opositor do partido Liberal paraguaio, Efrain Alegre. "A fronteira não pode ficar fechada para nenhum paraguaio", continuou Alegre, adversário do presidente Mario Abdo nas eleições de 2018. 

"Não vou responder ao insultos de ninguém (...) não é momento de discursos eleitorais quando a nação precisa estar unida", devolveu Abdo. / AFP

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