Obama defendeu ainda que a abertura de Gaza é a uma maneira de acabar com a crise no território palestino. "Existem fórmulas à disposição (para aliviar o bloqueio), embora sejam complicadas", disse o presidente.
As declarações de Obama são curiosamente parecidas com a posição do Hamas, que está relutante em aceitar um cessar-fogo permanente sem que ocorra o fim do bloqueio israelense e egípcio a Gaza.
Um funcionário de Israel disse que o país está disposto a "estender a trégua nos termos atuais", informou a agência Reuters. Em princípio, a trégua dura até as 8 horas de amanhã, hora local (2 horas em Brasília). Mas Mussa Abu Marzuk, um representante do Hamas no Cairo, disse que "não há acordo para prolongar o cessar-fogo".
"Só concordaremos com um cessar-fogo duradouro se o bloqueio acabar", disse ao Estado Mustafa Barghuti, membro do Conselho Legislativo Palestino e líder do Partido Terceira Via, que ficou em segundo lugar na última eleição presidencial da Autoridade Palestina, em 2005.
"Veja a nossa situação", disse Barghuti, que vive em Ramallah, na Cisjordânia, onde preside a Associação Palestina de Assistência Médica. "Para vir para cá, pegamos um ônibus de Ramallah a Amã, um avião de Amã ao Cairo e um ônibus do Cairo para Rafah. Levamos 24 horas quando deveria demorar 1 hora." Se pudesse atravessar Israel, a distância entre Ramallah e Gaza é de apenas 84 km.
"Estender a calma de 72 horas para mais um período não foi discutido", disse Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas. Além do fim do bloqueio, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, exigem também a libertação de presos palestinos em Israel. Um representante do grupo ameaçou abandonar as negociações se as reivindicações não fossem atendidas.
O governo israelense quer que o Hamas se desarme antes de considerar a exigência de reabertura das fronteiras com Israel e o Egito - que impuseram o bloqueio em 2007 depois que o grupo tomou o controle de Gaza. O Egito, por sua vez, rejeita abrir totalmente sua fronteira enquanto o Hamas, e não a Autoridade Palestina, continuar controlando o posto fronteiriço.
O premiê Binyamin Netanyahu defendeu ontem os intensos bombardeios contra a Faixa de Gaza, dizendo que, apesar do elevado número de civis mortos, a ofensiva foi "justificada" e "uma resposta proporcional" aos ataques do Hamas.
Após um mês de ofensiva, lançada para destruir baterias de foguetes e túneis do Hamas, as tropas terrestres se retiraram da Faixa de Gaza na terça-feira e se reagruparam do lado israelense. Cerca de 1.900 palestinos foram mortos - 75% civis, segundo a ONU, desde o início dos bombardeios. Do lado israelense, foram mortos 64 soldados e 3 civis.