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Israel acusa África do Sul de 'apartheid' contra produtos de assentamentos

Sul-africanos proíbem que produtos feitos em colônias ilegais sejam marcados como 'Made in Israel'

Por BBC Brasil
Atualização:

TEL-AVIV - A decisão do governo sul-africano de proibir que produtos fabricados em assentamentos israelenses nos territórios ocupados sejam marcados como "Made in Israel" despertou reações duras por parte do governo israelense. O vice-chanceler do país, Danny Ayalon, chegou a acusar a Africa do Sul de "apartheid". Veja também:linkGrupo acusa Israel de legalizar assentamentolinkGoverno subsidiará novos assentamentosforum CURTA NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK 

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Na quarta feira, o governo da Africa do Sul decidiu que produtos fabricados nas colônias israelenses (localizados irregularmente no território palestino da Cisjordânia) sejam rotulados de forma que o consumidor consiga perceber que tais mercadorias não foram produzidas em território israelense. Ayalon reagiu e declarou que "infelizmente fica claro que a mudança na África do Sul nos últimos anos não levou a uma alteração genuína no país, que continua sendo um país de apartheid. Agora o apartheid se volta contra Israel e contra os mineiros na própria África do Sul". A declaração de Avalon fez referência ao passado da África do Sul, que por décadas foi governado pela minoria branca em um regime considerado racista, assim como a recente morte de grevistas em um confronto com a polícia em uma mina do país. Entre os produtos que serão sinalizados na África do Sul estão os cosméticos da empresa Ahava, feitos à base de minerais do Mar Morto e fabricados no assentamento de Mitzpe Shalem, na Cisjordânia. O ministério das Relações Exteriores de Israel convocou o embaixador sul-africano a uma reunião para "prestar esclarecimentos" sobre a decisão da sinalização especial para produtos dos assentamentos.

 

Boicote

 

O movimento pelo boicote aos produtos fabricados nos assentamentos foi iniciado em 1997 pelo grupo pacifista israelense Gush Shalom (Bloco da Paz, em tradução livre). O movimento ganhou adesão de diversos grupos israelenses, palestinos e internacionais. Segundo o porta-voz do Gush Shalom Adam Keller o boicote aos produtos dos assentamentos tem o objetivo de "questionar a legitimidade da ocupação israelense nos territórios palestinos e também impedir que os assentamentos obtenham ganhos financeiros com a ocupação". "Neste caso, o governo sul-africano não chegou a decidir pelo boicote e nem proibiu a entrada dos produtos dos assentamentos no país, simplesmente decidiu assinalá-los para facilitar a diferenciação entre os produtos "Made in Israel" e aqueles que são fabricados fora das fronteiras legitimas de Israel", disse Keller à BBC Brasil.

 

Para Keller, o fato de o governo israelense ter acusado a Africa do Sul de apartheid é um "absurdo". "Ultimamente a direita em Israel tem se apropriado da linguagem utilizada pelos liberais, como meio sofisticado de promover a imagem de Israel no exterior", afirmou. Segundo Keller, a utilização, por lideres da direita israelense, de termos como "apartheid", "discriminação" e "limpeza étnica", ao se referir aos colonos israelenses na Cisjordânia, "confunde" o público no exterior que não está a par de todos os detalhes do conflito israelo-palestino. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

 

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