Israel acusa Irã de deslocar força de elite para o Líbano

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Por Agencia Estado
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O ministro do Exterior de Israel, Shimon Peres, acusou hoje o Irã de colocar a Guarda Revolucionária - a força militar de elite - no Líbano, transformando o país num barril de pólvora. Peres disse que conversou na segunda-feira com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sobre o Irã estar usando o grupo guerrilheiro Hezbollah como agente no Líbano. Os iranianos, segundo ele, entregaram ao Hezbollah 10 mil mísseis com alcance de 21 km a 71 km, "para que eles possam atingir o coração de Israel". "Eles converteram o Líbano numa tenda de explosivos colocando em risco o futuro do Líbano", afirmou Peres. "Os iranianos estão com sua Guarda Revolucionária no Líbano, o que é ilegal e contrário à carta das Nações Unidas". O ministro do Exterior iraniano, Khamal Kharrazi, disse hoje, em Teerã, que a afirmação de Peres não é verdadeira. "Essas histórias que eles fabricaram não são as primeiras e não serão as últimas. Eles (os israelenses) têm uma habilidade especial em fabricar tais contos", disse Kharrazi. "É natural que Israel tenha animosidade em relação ao Hezbollah libanês, desde que foi o Hezbollah que manteve a resistência e expulsou Israel do sul do Líbano". No Líbano, o ministro do Exterior Mahmoud Hammoud afirmou que as acusações de Peres "fazem parte de histórias fabricadas e alegações israelenses que são inteiramente sem base e essas são acusações que havíamos negado" no passado. Um oficial do Hezbollah disse que não tinha comentários sobre as acusações de Peres. Na última sexta-feira, oficiais de segurança libaneses negaram afirmações do secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, de que campos de treinamento terroristas administrados pelo Irã estavam operando no interior do país. O Hezbollah, que lançou no passado centenas de mísseis de curto-alcance contra Israel durante confrontos no sul do Líbano, tem se recusado a responder acusações israelenses de que possui mísseis de maior alcance. Na segunda-feira, o primeiro-ministro libanês Rafik Hariri acusou Israel de estar tentando distanciar os Estados Unidos do mundo árabe. Ele classificou de "mentiras sem fundamento" notícias de que o Irã tem campos de treinamento de terroristas no Vale de Bekaa, leste do Líbano, e que a Al-Qaeda estaria negociando para transferir as operações do Afeganistão para o Líbano. O Vale do Bekaa é um bastião do Hezbollah, o grupo apoiado pela Síria e Irã que é rotulado de organização terrorista por Washington. O ministro israelense dos Transportes, Ephraim Sneh, referindo-se aos temores iranianos de que Israel possar atacar um reator no Irã por acreditar que ele esteja produzindo material para armas nucleares, afirmou que não tem planos de atacar o Irã. Mas Sneh, um ex-general, manteve as acusações de Peres de que o governo de Teerã tem claras intenções de promover uma escalada na situação, especialmente ao longo da fronteira de Israel com o Líbano. Repercutindo a troca de acusações entre Irã e Israel, a rede de televisão a cabo Al-Jazeera, baseada em Catar, transmitiu na segunda-feira partes de uma entrevista com o ministro iraniano da Defesa, Ali Shamkani, na qual ele advertiu: "Se Israel promover qualquer ação militar contra o Irã, a resposta será muito além da imaginação de qualquer político israelense".

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